O Dia em que Faremos Contato








Seres em preto e branco aprisionados por movimentos bruscos e violentos que levam a uma espiral descendente. O objetivo é se manter de pé, mas parece que o solo é o destino final  de um viver esquizofrênico  e caótico. Criaturas bidimensionais que se fundem com perfeição a um cenário preto e chapado, um grande deserto negro geométrico. A pulsão da vida neste mundo é o conflito beligerante que se traduz em um balé denso e rude. Uma dança movida a ágeis, rápidos e desesperados movimentos que mais parecem golpes de algum tipo de luta mortal.














       






Este balé-luta chamado "Breu"  foi criado pelo coreógrafo Rodrigo Pederneiras  para o  Grupo Corpo, cuja estreia foi no ano de 2007, em palcos brasileiros. Quarenta minutos de uma dança severa regida por uma trilha sonora densa, pulsante e em forma de um rico  mosaico de referências musicais. Um painel sonoro dissonante e instigante que faz uma síntese de uma gama de gêneros musicais aparentemente incompatíveis: Frevo, MPB, Música Clássica,  Rock Progressivo (com texturas pinkfloydianas), Música Experimental e Hard Rock... A criação musical de Lenine une sensações dúbias: o prazer de se ouvir uma música criativa, poética e emocionante que impulsiona  uma coreografia escancaradamente desarmônica e  desconfortável, acabando  por refletir a vida nas grandes metrópoles. Vida essa moldada pela exacerbada  individualidade  competitiva, que transforma os seus habitantes em adversários. Uma  patológica contenda que ecoa  em batidas nas latarias dos carros, nas sirenes das ambulâncias. O vício  pela busca frenética do lucro e do sucesso (a qualquer custo) é  o canal para uma comunicação ruidosa  e conflitante entre os concorrentes. O sucesso desvirtuoso se dá pela queda alheia. Uma luta cujos movimentos abruptos e brutais são como um enfrentamento com foices no escuro. Uma realidade descolorida sem fauna e flora. 






   

Esta trilha sonora apresenta uma colagem sonora (repleta de guitarras, instrumentos de sopro, bateria, vocais, samplers, efeitos) que cria uma obra dividida em oito movimentos. O resultado final é de uma impactante pulsão sonora que se molda perfeitamente  a um balé do desencontro e da desunião, metaforizando assim a  vida conflitante nas grandes cidades poluídas e sem verde.











     


O compositor Lenine aderiu à  Campanha #Floresta faz Diferença, pois sabe que se o Código Florestal for alterado será o fim da Floresta Amazônica. Uma insubstituível  Mata Nativa que por irresponsabilidade criminosa  do Congresso corre o risco de virar pó.
Existe um dado* alarmante que aponta para este possível futuro negro da Amazônia: Segundo o “Proder” - sistema de medição preciso do INPE  - o total da área desmatada no ano de 2010 foi de 7.000 km² (área mais de 4 vezes maior que a da cidade de São Paulo). Essa área desmatada corresponde a colossais 848.484 campos de futebol por ano (2.324 campos de futebol por dia) – tendo como base as dimensões do gramado do Estádio do Maracanã (110m x 75m). O que leva a crer que se as alterações do Código Florestal forem aprovadas, o destino da Amazônia   será possivelmente se transformar em  um gigantesco deserto.
Está mais do que na hora de se voltar para uma dança harmônica, alegre e lúdica em contato com a natureza. Sem o verde das Florestas para cantar, o que será do trovadores da MPB? 



















//COORDENADAS//


//Músicas//
/As músicas de Lenine para a Peça Breu do Grupo Corpo/ Dessa obra instrumental excelente, aqui vão algumas das ótimas faixas:

/Trovador/ Sensacional peça musical meio melancólica e com influências clássicas. Apresenta um trabalho de guitarra sutil  amplificando a instrumentação densa e nostálgica. Sexta faixa da obra.

/Pé no Mundo/  A quarta música da obra traz uma envolvente MPB rockeira, com um pé no experimental.

/Secular/  A penúltima e sétima faixa é um Frevo rasgado misturado com um enérgico Rock comandado por uma bateria poderosa.


/Violenta/ Última música que retoma o tema de abertura da obra e é a essência da mensagem do balé. Traz características experimentais (com atmosfera pinkfloydiana), que se combinam com ares de sertão, para depois, se enveredarem em uma viagem rockeira e adrenalizante, por uma estressante metrópole.   


//Outras Fontes//
/Site da Campanha #Floresta Faz a Diferença/

/*Fonte da Matéria referente à área desmatada da Amazônia em 2010/ Desmatamento na Amazônia cai um julho, mas 2011 supera 2010 [Fonte - Folha de São Paulo / Seção Ambiente (17/08/2011)].


//Imagens//
/Imagem de Abertura#1/ "Corpo no Chão" -  Imagem da peça "Breu" do Grupo Corpo.
/Imagem#2/ Capa do disco "Falange Canibal" (2001) de Lenine.
/Imagem#3/ "Salto no Ar" - Imagem do balé "Breu".
/Imagem#4/ Capa do LP "Na Pressão" (1999) de Lenine. 
/Imagem#5/ Cartaz da peça "Breu" do Grupo Corpo.
/Imagem#6/ Foto com o músico Lenine segurando o cartaz da Campanha #Floresta Faz a Diferença.
/Imagem#7/ Capa da obra "Olho de Peixe" (1992) de Lenine.
/Imagem#8/ Capa do disco "O Dia em que Faremos Contato" (1997) de Lenine.

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