A Noite das Florestas - Parte 1

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        /Projeção - Habitat 2/




A instalação /Jardim, faço nele a volta ao infinito - Parte 02 - A Noite (A Sereia)/, do artista paulistano Albano Franco, integrou a 29ª Bienal (2010).
Esta obra desperta a atenção por envolver o espectador em uma dimensão impactante que evoca sonhos, magia, simbolismo, ludicidade que metaforizam a relação do homem com a natureza. 
Como se observa pela imagem de abertura /Projeção - Habitat 1/, os bichos e as árvores encontram-se em um espaço escuro e são projetados em uma parede que os decodifica em seres escuros atados em um ambiente árido e opressor. A imagem formada na parede carrega uma forte carga simbólica de alerta (afinal, o subtítulo /A Noite/ da instalação não é fortuito).





          /Projeção - Habitat 1/ As sombras dos seres refletidas na parede remetem a um ambiente opressor, desolado e condenado.





 A instalação é dividida em quatro partes.
As duas primeiras partes (as projeções de seres  no centro da sala) evocam as trevas, a distopia  e se complementam. As outras duas (quadros laterais que trazem imagens harmônicas da natureza) evocam a luz e o verde,  que simbolizam o equilíbrio e a preservação do meio ambiente e contrapõem-se à atmosfera lúgubre das projeções. 





/PROJEÇÕES/


            /Projeção - Habitat  1/  O aparelho ilumina a primeira das maquetes (troncos), que tem sua estrutura projetada na parede.
               (Fonte: UOL).        




/PROJEÇÃO - HABITAT 1/

A primeira maquete da /Projeção - Habitat 1/ é formada por vários troncos de formas inusuais e disformes. Causa uma sensação de desconforto por gerar um ruído na leitura de seu significado, pois não parecem meros troncos de árvores comuns. 





         /Projeção - Habitat 1/  Homens-árvores embrutecidos em uma relação nada simbiótica com a natureza. (Foto: Divulgação).




Com a aproximação em direção aos troncos e galhos, dissipa-se a dúvida em relação ao significado das formas, gerando  o  entendimento de que os homens-árvores-troncos-galhos estão açoitando e degradando a natureza. O que era para ser um mutualismo acaba por se transformar em um parasitismo visceral e patológico (de separação radical entre o homem e o meio ambiente).






         /Projeção - Habitat 1/  O aparelho iluminando a segunda maquete da Projeção. 







          /Projeção - Habitat 1/  Projetor, maquete e a imagem sombria resultante.




Na segunda maquete da /Projeção - Habitat 1/, tem-se uma mesa que apresenta em seu cume galhos e troncos que aparentam estar secos em um ambiente árido e com a presença de outros seres. 




        /Projeção - Habitat 1/  Um cenário em nada aprazível.








                                                 /Projeção - Habitat 1/ A maquete com os bichos vítreos-azulados e os troncos retorcidos.
                                                                           Ao fundo, as sombras negras disformes destes seres projetadas na parede. (Site: Novos
                                                                           Curadores).
                                                                  

    





Na segunda maquete da /Projeção - Habitat 1/, bichos estão ilhados em estruturas que remetem a arbustos estéreis. Repare na projeção ao fundo: os bichos e os arbustos  engendrados em uma  parede clara, que se transmutam em sombras negras e sombrias. Inclusive, um dos bichos parece estar enforcado. Seria este o triste destino da natureza?





                                                           /Projeção - Habitat 1/  A ave de vidro na maquete, que parece estar enforcada na projeção. 








                                            /Projeção - Habitat 1/ A luz refletida nos seres de vidro confere uma atmosfera
                                                                           espectral onírica ao conjunto. O vidro traz o simbolismo da fragilidade.







       /Projeção - Habitat 1/ A maquete com os seres azulados e as árvores secas e disformes. Um estado de suspensão limbática?








       /Projeção - Habitat 1/ A sobreposição projetada da Maquete 1 (Homens-árvores embrutecidos) com a Maquete 2 (Seres azulados e 
               vítreos) cria esta "pintura de luz" (um pesadelo), que talvez seja uma metáfora  para várias espécies animais correndo o risco
               de extinção.







           

          /Projeção - Habitat 2/ Um novo ambiente com novos seres e igualmente desolador e fantasmagórico como na Habitat 1.
               Ausência de verde, de espaço e de  liberdade para os bichos imersos nesta ilha apocalíptica.






/PROJEÇÃO - HABITAT 2/

Uma vez mais (tal como na Habitat 1) temos os bichos dominados, subjugados e massacrados pelo homem-tronco-rude, que tratora a natureza, sem se importar com as consequências deste ato maléfico e inconsequente, seguindo o mote: "O homem é o centro de tudo e dane-se o resto".




        /Projeção - Habitat 2/ Aqui é o cenário da danação completa. Bichos solitários e presos pelo homem em ilhotas degradadas.
                Talvez a saída desta calamidade esteja  nos quadros à direita (ao fundo).










         /Projeção - Habitat 2/ "É...Colegas, sem refresco por aqui!" - falou o lobo. Parece que agora os troncos são garras que aprisionam
              os desafortunados dos bichos, cujo único sol que possuem é a luz azul-fantasmagórica.









       /Projeção - Habitat 2/ E nestas ilhotas bem distantes do paraíso, os animais não tem como escapar, já que não há mares, florestas e
          rios para aonde ir. O lobo de vidro parece estar olhando para os quadros ao fundo e à direita (talvez o único escape).

    









         /Projeção - Habitat 2/ O lobo vítreo pensa: "Para fugir daqui, eu juro que viro o cão de estimação da Chapeuzinho Vermelho.
              
Deus queira que ela esteja em um dos quadros, ao fundo. Quero voltar para a floresta de árvores frondosas!"







              /Projeção - Habitat  2/ E o lobo de vidro vislumbrando um possível destino negro, reflete: "Se fosse possível o retorno ao paraíso
              e à natureza perfeita. Ou, nem assim, tão perfeito: bastaria  que o homem parasse  de  destruir a natureza imbuído de uma
              postura consciente  de respeito à vida. Este cenário aqui de árvore dos enforcados me apavora!".








/PROJEÇÕES - HABITATS 1 e 2/ 



              /Projeções - Habitats  1 e 2/ O lobo falou para os seus colegas: "Nossa Senhora, os nossos irmãos da Ilha 1 também estão em apuros.
               A projeção do futuro deles me parece muito sombria". O gorila suspirou: "Que saudades que eu tenho do King Kong".




/O ESCAPE PELAS LATERAIS -  VISÃO DO PARAÍSO (QUADROS DE INTEGRAÇÃO HARMÔNICA COM A NATUREZA)/ (Continua).