O Retrato de Dorian Gray

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Há uma frase que se tornou célebre do  filme "A Primeira Noite de um Homem" e  espelha o massivo desenvolvimento industrial e econômico da década de 1960: "Plásticos são o futuro" - aconselha o pai para o recém-formado protagonista. Naquela década,  a  indústria passou a  desenvolver e a  se utilizar de  componentes sintéticos (na maioria dos casos, derivados do petróleo) e outros químicos na produção de uma vasta cadeia de produtos voltados para o consumo: shampoos, pneus, canetas, sabonetes,  carros e uma miríade de outros.  Nas décadas seguintes, a utilização destes   componentes artificiais   se intensificou, contribuindo para a formação de conglomerados empresariais milionários e multinacionais (graças ao fato de que os produtos  a  base elementos sintéticos  e químicos eram mais baratos que os naturais e  sua tecnologia de produção já estava dominada). O problema foi o uso  contínuo e expandido (que perdura até os dias de hoje) destes componentes  artificiais em áreas ligadas mais diretamente ao bem-estar do consumidor: higiene, saúde e beleza. 






Inúmeros produtos atuais ainda mantém em sua formulação elementos químicos que são altamente danosos à saúde humana, pois são, em sua maioria, alergênicos, tóxicos e carcinógenos. O surpreendente é que a maioria da indústria ainda não os retirou das fórmulas de seus produtos. Na área de cosméticos,  higiene  e saúde, há vários elementos encontrados na fórmula de produtos, que  são comprovados cientificamente como maléficos aos seres humanos, pois em testes  com animais,  verificou-se a toxicidade de suas propriedades,  que,  em inúmeros casos, guardam uma característica igual de atuação prejudicial:  afetam o desenvolvimento do cérebro, causam inflamações, tumores, queda de cabelo,  lesões na pele e no sistema reprodutivo, além de outros inúmeros malefícios.
Estes elementos aparecem
em incontáveis  xampus (até os voltados para bebês não escapam), pastas dentais, esmaltes, batons, cremes rejuvenescedores, bronzeadores, protetores solares, remédios etc.  Com toda esta  formulação prejudicial,  produtos  são propagandeados como naturais, promotores de saúde,  livres de componentes insalubres, alcançando assim preços altos  no mercado. Como exemplo, em um  creme de uma marca conhecida contra rugas e supostamente anti-envelhecimento facial, foram encontrados elementos danosos à pele e outros componentes cancerígenos. A mais torpe enganação em forma de um marketing milionário bem  produzido,  convincente e emocionalmente apelativo (que, imperativamente, vende saúde, beleza e bem-estar). Na verdade, a maioria não passa de uma ação ludibriosa e perversa contra os consumidores, vinda de uma "mente" patológica e viciada em altos lucros.






Seguindo, por décadas,  o mote (cravado na Era do Plástico - a década de 1960), que é a definição de sua   filosofia existencial : "Melhor viver através da química", os conglomerados de cosméticos, higiene e   saúde   se  "esqueceram" de se preocupar com os impactos da fórmula de seus produtos na saúde humana. Tanto que não substituíram os elementos artificiais  prejudiciais  de  suas fórmulas por  componentes naturais e  orgânicos. Continuaram usando  os mesmos  elementos  químicos e tóxicos de décadas anteriores (como afirma em seu vídeo a ativista americana Annie Leonard). Com a velha e mentirosa ladainha de que pequenas porções químico-sintéticas,  provenientes dos vários elementos tóxicos da fórmula de seus produtos, não trazem riscos para a saúde humana, a indústria "do bem-estar" segue a fórmula anti-ética da intricada equação: custo mínimo (elementos  sintéticos e químicos são bem mais baratos do que os naturais), altos preços, lucros e vendas (geralmente são produtos caros de marcas famosas  que alardeiam "milagres"), desinformação e estado letárgico do consumidor persuadido (o incauto enganado) e lobby industrial (forte poder de  manobra e  persuasão  frente a  instâncias governamentais que são responsáveis por políticas públicas, como por exemplo, a aprovação e regulamentação de produtos).  Da década de 1960 até os dias de hoje, este é o jogo da maioria dos grandes conglomerados de produtos "do bem-estar".  É realmente uma indústria que não se renova, não se preocupa com a saúde da população e  tampouco elimina de seus produtos massificados os componentes maléficos. Vende com glamor a famosa aparência saudável e bela que oculta e mascara uma alma corrompida, nefasta, desumana e bestial. Para acionar esta trama suja se vale da total  falta de regulamentação que acomete o setor de produtos cosméticos e congêneres, sendo que esta lacuna se torna um "salvo-conduto" para esta indústria  se auto-regulamentar e arbitrar em uma área tão estratégica e importante (caso de saúde pública). 
Alguma coisa está muito errada quando menos de 12% de todos os químicos presentes nos cosméticos têm sido avaliados no ítem segurança, nos EUA (como alega Annie Leonard). Algo próximo deve ocorrer com os produtos no mercado brasileiro. Sem leis para enquadrar esta indústria  no seu mercantilismo-mercenário de produtos insalubres, torna-se muito fácil ela se perpetuar pelo mercado global.







Veja só alguns filhinhos-monstrinhos (ínfima amostra) desta indústria parida na Era do Plástico e Químicos, que nos perseguem, diária e sorrateiramente, até os dias de hoje:
/Chumbo/ Veneno: Altamente cancerígeno.  / Aonde ataca: Escondido em batons.
/Triclosan/ Venenos:  Irrita o pulmão, olhos e pele. Cancerígeno. Desregulador endócrino.  Combinado com outros elementos da fórmula pode gerar agentes lesivos (exemplo: Clorofórmio) / Aonde ataca: Via shampoos, sabonetes, condicionadores e outros produtos.
/Metilparabeno/ Veneno: Irrita e pele, além de ser tóxico e cancerígeno. / Aonde ataca: Direto do xampu, condicionadores, remédios e outros produtos.
/Propilparabeno/ Venenos: Tóxico, cancerígeno e alergênico [irrita a pele (tal como o seu priminho, acima)]. / Aonde ataca: Via xampu, condicionadores, remédios etc.
/Lauril Éter Sulfato de Sódio/ Venenos: Tóxico e cancerígeno. Irrita e inflama a pele (em grande concentração é utilizado para levar chão de fábrica). Enfraquece e diminui os folículos capilares. / Aonde ataca: Em mais de 90% dos pântanos turvos  dos xampus comercializados e também em condicionadores.
/Formaldeído/ Venenos: Altamente cancerígeno e caústico para a pele / Aonde ataca:  Principalmente em xampus e condicionadores. / Imagine esta bomba-química por anos a fio nos cabelos!
/Bisfenol/ Venenos: Afeta o comportamento das crianças. Impacto toxicante e cancerígeno na próstata e no peito. / Aonde ataca: Comida enlatada, comida para crianças, mamadeiras, remédios etc.
/Aspartame/ Venenos: Altamente cancerígeno. Tóxico aos órgãos humanos. Promove irritação da pele, olhos e pulmões. Incha o corpo.  / Aonde ataca: Remédios, adoçantes, alimentos, refrigerantes e incontáveis outros produtos.
/Cocoamidopropyl Betaína/ Venenos: Compromete os folículos capilares, deixando-os mais delgados. Alergênico. Combinado com outras substâncias da fórmula cosmética pode gerar agente contaminador e altamente cancerígeno (Nitrosamina). / Aonde ataca: Principalmente em xampus.
/EDTA/ Venenos: Irrita pele, olhos e pulmões. Cancerígeno. Tóxico aos órgãos humanos. / Aonde ataca: Principalmente em xampus. Por incrível que pareça, em alguns casos, aparece até em alimentos. 
/Propylene Glycol/ Venenos: Irritante, alergênico e cancerígeno. / Aonde ataca: Principalmente em cremes de beleza e protetores solares.

Para obter a lista completa e avaliação detalhada  dos químicos que aparecem nos produtos, clique no seguinte link: www.ewg.org/chemindex/list


O EWG (Environmental Working Group) é uma fundação que tem por objetivo oferecer informações para o consumidor, através de uma ampla base de dados, que o proteja dos riscos encontrados em produtos químicos. Oferece alternativas de produtos naturais e ecológicos. Além disso, pressiona o governo para que fiscalize com normas firmes reguladoras os produtos expostos no mercado. Exemplo: cobra  do governo norte-americano para que fiscalize as ondas eletromagnéticas dos celulares (alguns deles emitem ondas  intensas e fortes além de um padrão médio seguro. Estas ondas podem ser cancerígenas) e também para que o governo regulamente e monitore a indústria do "bem-estar", para que esta se torne transparente, responsável e elimine a química nociva de seus produtos.






Para assistir ao vídeo bem instrutivo e esclarecedor da ativista Annie Leonard sobre a história da indústria de cosméticos, clique em:
http://www.youtube.com/watch?v=pfq000AF1i8&feature=player_embedded

Annie Leonard é responsável pela Coalizão The Campaign for Safe Cosmetics, que tem por missão proteger a saúde dos consumidores e trabalhadores, pressionando as corporações para eliminarem químicos lesivos de seus produtos e serviços.
Site - "The Campaign for Safe Cosmetics": http://www.safecosmetics.org/







COORDENADAS
Ao escolher um produto: não deixe de ler o rótulo com os elementos componentes da fórmula. Ao constatar elementos nocivos na formulação, não compre a mercadoria. Escolha uma alternativa natural, orgânica, com óleos naturais e livre de elementos sintéticos (vindos de óleos minerais), corantes e conservantes artificiais.  
-Fontes-
Blog: Ecotendências - Matéria: Há Chumbo no seu Batom?  (Via Blog GJOL) /
-Imagens-
Marca de Preço (100% Bio) - Site: Ciclo Vivo.
Etiqueta Verde dos Recicláveis - Folha UOL. 

Tutu

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Na abertura da Copa do Mundo da África do Sul, uma figura idolatrada e símbolo de resistência foi ovacionada pela torcida do pais. O seu discurso ainda guarda as mensagens de união e solidariedade. Mas, agora, após 16 anos, a situação na África do Sul está modificada, pois graças a luta de Desmond Tutu e de outros líderes, como Nelson Mandela,  contra o apartheid  - regime segregacionista que perdurou por quase cinco décadas - que  foi  suplantado com uma forte resistência interna dos negros que culminou com a realização das eleições democráticas e multi-raciais, em 1994 [vencida pelo partido anti-apartheid  CNA (Congresso Nacional Africano)].
Bispo da igreja anglicana (foi o primeiro bispo negro na história da África do Sul), na Cidade do Cabo, Tutu, um ferrenho opositor do apartheid, organizou uma série de protestos pelo país e acusou os líderes do regime segregacionista de se comportarem como nazistas. Foi pelo seu ativismo intenso que em 1984 ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Com sua visão crítica e objetiva, afirma que ainda hoje, apesar do fim do apartheid, os negros e brancos ainda não estão devidamente integrados. Um resquício de segregação não oficial ainda permanece no ar. Mas, a festividade de uma Copa do Mundo, na sua opinião, ajuda a aproximar e a unir a população em torno de um bem comum (os Bafana Bafana) e assim, solidificar um espírito de comunhão e pertencimento em torno da nação.   
  





                                                                       "Eu sempre me maravilhei com a linguagem universal do futebol, um esporte
                                                                         que não precisa de tradução" - Desmond Tutu.







Além disso, sediar uma Copa do Mundo, a seu ver, é uma vitória sul-africana, pois o país demonstrou ser capaz de fazer acontecer tal evento. Um fator muito positivo em meio a vários dados negativos que assolam a África do Sul, como: corrupção, baixos índices de desenvolvimento social que são evidentes na violência descontrolada, pobreza extrema, elevado desemprego, alta taxa de Aids, bem como desigualdade de renda. Mas Tutu continua combativo ao denunciar a corrupção (mesmo  a instaurada no próprio partido CNA) e a epidemia de Aids em seu país. Permanece um grande líder e ídolo do povo sul-africano.










Desmond Tutu foi também homenageado musicalmente pelo trompetista Miles Davis. O álbum "Tutu" foi lançado em 1986, em apoio ao grupo anti-segregacionista "Artists United against Apartheid". Um tributo de experiências musicais cujo objetivo foi captar a alma do líder sul-africano com a missão de traduzí-la  em texturas sonoras alegres, densas  e criativas. Como Miles Davis estava na década de 1980, procurou atualizar a sua música ao se utilizar dos mais modernos recursos de engenharia sonora da época, onde se destacavam sintetizadores e baterias eletrônicas usados massivamente no rock,  pop e trilhas sonoras daquela época.    











                                               Capa original do LP. (Site: Hard Format).









Tutu é um disco essencialmente jazz-fusion com uma levada funk. Sua roupagem é bem característica da sonoridade dos  anos 80, com  baterias  eletrônicas programadas, samples e sintetizadores em profusão. Estas características conferem às  faixas uma  atmosfera  musical de seriado americano desta época. Talvez, isto seja um dos pontos fracos do disco, tornando o som um pouco artificial e embolado. Exemplo:  a  ausência de bateria acústica  que foi substituída pela programação de bateria eletrônica. Tanto que só em uma faixa - "Tomaas" - o baterista Omar Hakim (Sting) usa o seu kit acústico. Tal fato pode atrapalhar, mas não tira a qualidade das músicas, que são moldadas por temas criativos e vibrantes e levadas por um trabalho de trompete de bom gosto acompanhado de um baixo virtuose e marcante (com nítidas influências de Jaco Pastorius). O  som do trompete confere, naturalmente, uma aura alegre e  descompromissada de celebração à música.
Esta  característica ligada  à maneira  efusiva de tocar de Miles Davis, que cria temas "ensolarados" musicais de alma jazz-fusion, tornam a obra bem interessante e "viciante". Talvez seja o trabalho mais comercial e acessível do trompetista, mas isso, não significa que seja um disco ruim, longe disso. A temática 80 apenas assusta, mas não compromete.   






                                                                         Contracapa do disco original. (Site: Hard Format)






AS FAIXAS:
/Tutu/ A grande homenagem a Desmond Tutu já abre o disco. O tema principal da faixa é alegre, enfim, um jazz-fusion flamejante e efusivo, tal como o grande líder, que costuma vibrar e se emocionar em seus discursos. Destaque para a conversa animada entre trompete e baixo. A percussão do brasileiro Paulinho da Costa confere ainda mais vivacidade à música.
/Tomaas/ A única faixa em que aparece uma bateria "verdadeira" conduzida por  Omar Hakim.  Um funkão alegre e bem cadenciado, bem no estilo jazz-fusion do Spyro Gyra. Destaque para o trompete inspirado acompanhado por um bonito trabalho de guitarra.
/Portia/ uma bela balada de jazz-fusion instrumental. O trompete deixa a sua marca alegre e acalorada. Como parece que estamos olhando para um céu de brigadeiro ensolarado, o baixo marcante e mais uma vez a percussão vibrante de Paulinho da Costa tratam de afastar qualquer espécie de nuvem. O tema da música é bonito e descompromissado como uma brisa.
/Splatch/ Splash - A Sereia? Não, não! Tudo bem que a faixa guarda as peculiaridades musicais excessivas da década de 1980, como, por exemplo, o som robótico (baterias programadas e sequenciadas) acompanhando um time de instrumentos cadenciado que joga um bolão: trompete (o atacante talentoso), o baixo (meia-armador genial), a bateria programada (o arqueiro grandalhão-muralha sem muita técnica) e o solo  proeminente  de sintetizador (golaço). Resultado do jogo: a vitória de um tema musical alegre, agradável e bem fusion.
/Backyard Ritual/ Um ritual do bem, com um tema alto-astral e inspirado. Faixa arranjada por George Duke que também toca nesta música. A percussão de Paulinho da Costa amplifica a alquimia rítmica desta magia do bem  que dá a mão à cibernética (com a robótica bateria programada).
/Perfect Way/ Funkão divertido-descompromissado, bem anos 80,  mas não perfeito. Traz influências de jazz-fusion encorpadas pela programação de bateria no estilo "Miami Sound Machine". Tema festeiro. Som meio plastificado e embolado (lembra temas de seriados de tv dos 80). Talvez a música menos inspirada da obra. Pelo menos, as "quebradas" na levada da faixa são bem sacadas. Interesante acompanhamento de baixo e teclados.
/Don't Lose Your Mind/ Jazz-fusion impregnado de funk e com pitadas de reggae. Um tema ensolaradamente fusion vai costurando a música em meio a um "cybotron" percussivo que dá uma certa engessada e embolada na faixa. Apesar de tudo, é uma faixa inspirada e com uma levada bem envolvente, que em nenhum momento perde a alma musical. Destaque para o uso de violino elétrico.
/Full Nelson/ Não poderia se esquecer de prestar uma homenagem também a um outro "guerreiro" que teve um papel essencial no combate à política segregacionista sul-africana. O tributo musical faz jus à figura de Nelson Mandela, sendo um ótimo jazz-fusion funkeado com um arranjo programado de percussão. Parece uma música inspirada e instrumental da banda de James Brown. Destaques para a marcação de baixo e guitarra brownianos.




                                                                         Vinil original com o selo da mão. (Site: Hard Format)








COORDENADAS
Miles Davis - Tutu
Ano: 1986
Categoria: Jazz-Fusion
/Músicos/
Miles Davis: Trompete.
Marcus Miller: Baixo e vários outros instrumentos. Autor e arranjador da maioria das faixas.
George Duke: autor e arranjador de "Backyard Ritual". Toca trompete nesta faixa.  
Omar Hakim: bateria e percussão na faixa "Tomaas".
Paulinho da Costa: percussão nas faixas "Tutu", "Portia", "Splatch" e "Backyard Ritual".
Michael Urbaniak: Violino elétrico na música "Don't Lose Your Mind".
Adam Holzman: Solo de sintetizador em "Splatch"
Ponto alto: temas bem inspirados conduzidos por músicos talentosos.
Ponto baixo: excesso de sintetizadores e baterias programadas.
Saldo final: um bom disco de  jazz-fusion funkeado alto-astral da última fase jazzística de Miles Davis.
/Fotos/
Foto de abertura do post: Face 2 do encarte do disco. Autor: Irving Penn (que clicou todas as fotos do disco). Fonte - Site: Hard Format.
Imagem com a tipografia em preto e fundo violeta: Face 1 do encarte do disco. Fonte - Site: Hard Format.
/Fontes de consulta/
Folha de São Paulo: entrevista com Nelson Mandela. / Primeiro caderno do jornal / Seção: entrevista da 2ª (21/06/2010).
Wikipedia.

Escudos de Proteção

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                                                                                                                                                   Arquiteturas perfeitas: arena e ouvido.
O torcedor espanhol que foi à África do Sul e acompanhou a todos os jogos da campanha vitoriosa de sua seleção, agora além de contente, deve estar bem aliviado, pois o caminho da Fúria para chegar ao título foi bem torturoso. Um exemplo de tormenta: a derrota na primeira fase para a seleção da Suiça, no estádio Moses Mabhida, em Durban. Ele também deve se lembrar de outro fato aflitivo muito presente naquela partida: o som alto e ruidoso das vuvuzelas tocadas por milhares de torcedores. Característica  comum presente também nas outras seis partidas a que assistiu neste mundial. O fato é que o seu alívio ao ver a seleção de seu país campeã pela primeira vez pode dar lugar à preocupação com a sua audição, caso esteja com zumbido em seu ouvido (que pode ter sido causado pela exposição cumulativa e freqüente ao som das vuvuzelas, sem uma proteção auricular). O som forte e estridente de milhares destas cornetas pode causar danos irreversíveis à audição do torcedor (seja em uma única partida  ou  após várias delas, dependendo de uma série de fatores ligados ao metabolismo do indivíduo).





Não  é à toa, que depois da novidade e sensação das vuvuzelas, vários torcedores, jogadores  e imprensa começaram a criticar e a oferecer resistência ao uso delas no Mundial. Com isso,  surgiu,  com o avanço da primeira fase, o comércio de tampão de ouvido, vendido (o par) por 5 Rands (um pouco mais de R$ 1,00), como uma proteção barata e eficaz para os ouvidos. 
Inúmeros  jogadores queixaram-se do barulho das cornetas, comentando que o som era ensurdecedor e  dificultador da comunicação entre os   jogadores. Certamente, estas cornetas devem ter sido o pesadelo dos capitães dos times.      












Afinal, o som de uma única vuvuzela [114 db (decibéis)] está muito além do som permitido para uma audição saudável (85db).
O limite de tolerância para o barulho contínuo da vuvuzela é de oito minutos. Após esse período, a exposição a este tipo de som pode ocasionar danos irreparáveis ao ouvido.
Em virtude de tal complicação,  as  vuvuzelas  foram banidas do próximo campeonato de Rúgbi, na África do Sul e do estádio do Bayern de Munique. 






QUADRO COMPARATIVO DE RUÍDOS: 
60db  /conversa normal/
85db /limite máximo para uma audição sem riscos/
100db /trânsito pesado/
110db /buzina de automóvel/
114db /uma única vuvuzela/
120db /show de rock/
120db /britadeira/
140db /rojão/



                                                 É claro que o trabalhador está usando proteção de ouvido.



Vamos supor que o nosso hipotético torcedor espanhol,  após ver todas as partidas da Espanha na Copa (sem nenhum tipo de proteção auricular) volte para Madri.
Na melhor das hipóteses, ele não sofreu danos auditivos. Pode ter escutado zumbido no ouvido após as partidas, que cessou horas depois. Isto geralmente ocorre porque as células da cóclea (estrutura no ouvido que transforma os sons exteriores em impulsos nervosos que são enviados para o cérebro) têm tempo para se recuperar. 
Na pior das hipóteses, em virtude da exposição longa e freqüente e da potência do barulho das vuvuzelas, o torcedor voltou para a Espanha com chiado no ouvido (consequência de uma lesão mais séria nas células da cóclea). Mas este problema pode ser remediado com um tratamento adequado, que pode sanar o lesionamento auricular.



         Monumentos em festa. (Foto: EFE  / AP Photo).   



Se agiu com um mínimo que prudência que faz toda a diferença, o nosso torcedor da Fúria voltou para casa duplamente aliviado e alegre: com o seu ouvido preservado e com a Espanha campeã. Para garantir a proteção do seu ouvido contra as vuvuzelas, usou um protetor auditivo de espuma moldável, cujo nível de redução de ruídos é de 29db, que atenua o barulho das perigosas cornetas em um som que é o limite máximo  para uma audição que não comprometa a audição (85db).
Além disso, sabe que ao voltar para a sua metrópole, continuará a usar tampão de ouvido para se proteger de outros tipos de ruídos tão ameaçadores quanto as vuvuzelas: barulhos em show de rock, baladas, jogos de futebol e vários outros.




                                                                  Naranjito, o mascote da Copa da Espanha de 1982.
                                                                                                   Em 1982, a sonzeira vinha dos tambores.






COORDENADAS
Foto de abertura - Bernat Armangue (AP).
Foto do Estádio Moses Mabhida - Rodrigo Prada.
Foto "We Cannot Hear the Vuvuzela" - UOL Esporte
Foto "Vuvuzela Proibida" - extraída do blog dos enviados da Copa UOL.
Fontes:
Site - Howstuffworks.
Site G1 - Matéria - Vuvuzela faz mais barulho que helicóptero.
Site Info Online - Matéria - Perigo nos decibéis.
Qual protetor comprar:
Protetor Auditivo de Espuma Moldável Nexcare (3M).
Preço estimado (caixa com 2 pares) - R$ 2,20. 

Tudo começa pelo Hino

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Sem dúvida alguma, nessa Copa do Mundo, um dos momentos mais emocionantes tem sido o cerimonial de abertura dos jogos entre as seleções, cujo ápice é a executação dos hinos dos países. É nesse momento que se observa se os jogadores dos selecionados estão unidos ou não. Um bom sinal de união é quando estão abraçados, cantando o hino de forma emocionada, mostrando então que muito, possivelmente, estarão prontos a jogar com afinco e competência pela nação.



 

Estádio Soccer City, em Johannesburgo, que foi palco do emocionante jogo entre Uruguai x Gana, pelas quartas de final.
Sediará a grande final e tocará hinos clássicos.




 
Outro fator de destaque, no momento dos hinos, é a melodia, o tema e a intensidade das peças musicais executadas. Ao ouvir, por exemplo, a Marselhesa, em um evento da dimensão de uma Copa do Mundo, em um estádio lotado, é muito difícil não se sentir envolvido pela beleza da composição e pela emoção do momento, com uma seleção representando um país com toda a sua identidade (hino, povo, tradição, espírito olímpico...). É por isso, que se espera que uma seleção se supere em um evento de tal magnitude (fato que não ocorreu com o selecionado francês).



         
                    
/Formar o batalhão. Marchar, marchar!'/ - diz o revolucionário hino francês. É com esse mesmo espírito de luta, mas com fair play, que uma seleção deve jogar. (Imagem: Histoblog).



 

Ao se ouvir os hinos das seleções na Copa da África, percebe-se que os autores foram fortemente influenciados por  alguns compositores da música clássica.
Talvez a trilogia clássica que mais serviu de referência tenha sido: Rossini, Händel e Mozart.
Rossini foi um dos compositores mais completos que existiu, por transitar com extrema desenvoltura e criatividade por gêneros como cantata, ópera, música instrumental, música sacra e outros. Além disso, é notória a influência que teve das sinfonias  de Mozart e como as utilizou com maestria para conceber verdadeiras obras-primas (entre elas: La Gazza Ladra, O Barbeiro de Sevilha e Guilherme Tell).
Sua música evoca felicidade, celebração e amor pela vida.

Com relação à influência de Rossini nos hinos nacionais, isto é  observado claramente nos hinos de seleções latinas, com destaque, para o hino uruguaio, que tem uma forte inspiração rossiniana.
Para ouvir o hino do Uruguai que parece um tributo a Rossini: 
http://www.youtube.com/watch?v=4CPNrPOL4aM





                                                                
                                                                                                                                                                                         
Da casa de Händel, sua obra vai a teatros, 
 passeios de barco da realeza e arenas.
                                                                                                                                                                                
Já a influência da obra de Händel está presente, principalmente, nos hinos europeus, como o da Alemanha, que se revela um hino elegante, sóbrio e ao mesmo tempo festivo, triunfante e jubiloso. Características essas que sempre foram a base das composições deste músico alemão polivalente que se aventurou com excelência e sofisticação por distintos gêneros da música clássica, tais como: música instrumental e música vocal (óperas, cantatas). Outro fato que influenciou diretamente suas composições de uma forma que as tornam emocionantes e bem  inspiradas, com uma forte  carga de otimismo, foi a crença do compositor em Deus.
Suas duas obras-primas na música instrumental (e que remetem ao hino germânico) são as suítes: Concerto para Fogos de Artifício e Música Aquática (especialmente criada, em tom de celebração, para o passeio de barco do Rei pelo rio Tâmisa). 
                                                                                 





                         
            
                                         
As duas suítes que são obras-primas. O Rei gostou tanto da  "Música Aquática", que pediu para que a tocassem por mais três vezes, em seu passeio de barco musical.
                                                             


Para escutar o hino alemão com influências händelianas: http://www.youtube.com/watch?v=-Atv5j-BjlI






Um dos maiores gênios da humanidade, o austríaco Mozart influenciou vários compositores de hinos nacionais. Devido ao seu caráter sofisticado, atemporal, apaixonate  e sublime, sua música utilizada como inspiração combina perfeitamente com as caracteristicas mais elevadas do ser humano. Os hinos procuram traduzir essas características em texturas sonoras emocionais e belas, que representem com  enlevo e honra uma nação.
Mozart navegou com brilhantismo, perfeição e facilidade pelos mais diversos gêneros musicais: concerto, sinfonia, ópera, música de câmara, música sacra, sonata, ária, missa. Era também multi-instrumentista, tocando órgão, cravo e violino.
De uma carreira prolífica marcada  pela excelência nas suas composições, é complicado destacar obras de destaque, em meio a criações geniais e inspiradas. Talvez seus "Magnus Opus" sejam  as óperas - A Flauta Mágica, Don Giovanni, As Bodas de Fígaro - e as Sinfonias, os Concertos e as Serenatas grafados com as letras KV.

Ouça o hino dinamarquês que tem uma bela influência mozartiana:
http://www.youtube.com/watch?v=iSvyA4okvyo

 





Também não pode deixar de se mencionar o excepcional hino brasileiro, cuja música foi composta por Francisco Manuel da
da Silva e que sem dúvida está no rol dos melhores hinos devido a sua rica e inspirada arquitetura musical cheia de  criativas e marcantes variações temáticas.
Uma peça musical bem interessante e original foi criada pelo compositor americano Gottschalk, que se inspirou no hino brasileiro para gerar empolgantes variações e improvisações em torno do tema central. Este trabalho ficou conhecido como "Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro".

 

 
                

                                           



COORDENADAS
Para ir direto nas fontes que inspiraram vários hinos nacionais:
"Música Aquática" - Händel.
"La Gazza Ladra" - Rossini.
"Sinfonia Nº40" - Mozart.
"Serenata Noturna" - Mozart.
Para conhecer uma bela peça musical que foi inspirada pelo Hino Nacional do Brasil:
"Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro" - Gottschalk.
Fontes consultadas:
"Wikipedia" / "Site Clássicos": www.classicos.hpg.ig.com.br/