O Trio que Toca o Brasil

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O Wagner Tiso Trio [Wagner Tiso (Piano), Victor Biglione (Guitarra) e Márcio Mallard (Violoncelo)] tocou na última segunda-feira no Sesc da Consolação, dentro da série de espetáculos "Instrumental Sesc Brasil".
O problema foi o horário do show: 19:00 horas (com a recomendação de retirar o ingresso gratuito na bilheteria às 18:00 horas). 
Com o trânsito caótico de São Paulo, a missão de se locomover até à Avenida da Consolação torna-se um martírio, com a agravante de não conseguir chegar a tempo para retirar o ingresso.


     
                             

"Viver a Poética do Som" foi gravado ao vivo no RJ.  Os dois músicos fazem uma releitura de clássicos da MPB,
 como, por exemplo, 7 Tempos e Cravo e Canela.          
 



Para quem ficou impossibilitado de ir até o SESC da Consolação, a solução foi assistir de casa a transmissão ao vivo exibida pela Plataforma de Internet do SESC (com som e imagem de qualidade) e ainda tendo como "bônus" o bate-papo com os músicos do Trio depois do show.
Convém lembrar que o SESC sempre transmite ao vivo os espetáculos da série "Instrumental SESC Brasil" que acontecem todas às segundas-feiras.




A transmissão do show pela Internet começou pontualmente e foi na íntegra (sem nenhuma espécie de corte) o que demonstra a seriedade com que o SESC trata sua programação cultural.
Sem dúvida, uma empreitada virtual muito interessante e estimulante por parte da Organização.
O show do Trio foi baseado em releituras de clássicos da música brasileira de compositores como Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Severino Araújo, Dolores Duran, o próprio Wagner Tiso etc.






O show começa com o piano de Wagner Tiso e o violoncelo de Márcio Mallard.
Esta junção musical oferece um teor clássico  às consagradas músicas  brasileiras do repertório (que adquirem uma inédita e bela perspectiva musical).    





A interação entre o piano de Tiso e o violoncelo de Márcio Mallard é bem consistente, harmônica e perfeita. A maneira com que interpretam as músicas do show soa natural, animada e envolvente (fruto de uma parceria que começou em 1969).
O estilos musicais (Música Brasileira, Jazz e Música Clássica)  do Dueto  se combinam de forma criativa e despojada.
Além de dominar  com propriedade a arte de tocar violoncelo, Mallard "transforma" em alguns momentos o instrumento em baixo e percussão (conferindo vivacidade à música). Sem dúvida, um instrumentista excelente e com grande experiência musical [tocou por 37 anos na Orquestra Sinfônica Brasileira e já colaborou com vários músicos (Tom Jobim, por exemplo)].  





Agora é a vez de Victor Biglione - guitarrista argentino (radicado no Brasil) - se juntar aos músicos e o conjunto se transformar em Trio.
Com a entrada de Biglione, as releituras musicais ganham o acréscimo de  uma tônica de jazz-fusion bem acentuada. Aqui temos um  caldeirão musical  denso, eclético e muito bem costurado (o Jazz conversa animadamente com o Clássico e com a MPB).





O que chama a  atenção também é a maneira própria e peculiar de tocar do guitarrista (que criou o seu estilo próprio e único). Com décadas de estrada, já colaborou com diversos músicos e bandas [A Cor do Som - com o disco "Magia Tropical" (1982), Andy Summer -  com "Strings of Desire" (1998), Ivan Lins, Gal Costa etc.], compôs trilhas para filmes ("Como Nascem os Anjos", o suspense "Faca de Dois Gumes", entre outras) e desenvolveu carreira solo, com destaque para os discos "Quebra-Pedra" (1989) e "Baleia-Azul " (1987).    






Agora é a vez da saída temporária do violoncelista Mallard, dando lugar a um novo Duo (piano e guitarra elétrica), que toca alguns outros clássicos do cancioneiro brasileiro, com uma levada mais voltada para o rock e o jazz-fusion.



                                              


O terceiro e mais progressivo trabalho do grupo "Som Imaginário" - Matança  do Porco (1973). Todas as faixas foram compostas por Tiso, com destaque para a  dramática suíte sinfônica  Armina .
Capa original.




O violoncelo volta ao palco para a última parte do show (em formato de  Trio). Um novo momento para se encorpar o som, conferindo uma harmonia toda especial e exótica para os novos arranjos.
Tiso afirma que com a valorização dos médios e graves o arranjo fica mais redondo e organizado, abrindo espaço para que o improviso enriqueça ainda mais a música.
A música que encerra o show é Cravo e Canela (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), com uma vigorosa roupagem clássica (que prima pelas interessantes "quebradas" e contratempos).
Após o show, Wagner Tiso mencionou que desistiu de ser cantor aos sete anos, quando ouviu seu amigo Milton Nascimento cantar em Três Pontas (cidade em que nasceram).

 /Cravo e Canela/ (Releitura ao vivo de Wagner Tiso e Victor Biglione)/ http://youtu.be/ihR1xXbVhZ0



                                             

Trem Mineiro (1981), um dos primeiros trabalhos do compositor, maestro e arranjador (que participou do Clube da Esquina). Aqui também aparece a suíte sinfônica Armina.
                                 



 Sem dúvida, as  interpretações musicais do Trio (e dos Duos também) são bem sucedidas e criativas  para grandes  clássicos brasileiros (oferecendo novas  texturas e exuberantes arranjos sonoros). No entanto, são fiéis às originais, o que corrobora a afirmação de Wagner Tiso, no bate-papo depois do show: /O que vale é a idéia do compositor, e a releitura é apenas uma versão/   



                                    

A capa "pesada" do relançamento do disco "Matança do Porco" do grupo Som Imaginário [Wagner Tiso, Tavito, Fredera e grande elenco (incluindo Milton Nascimento em participação especial)].

 
 

//A Suíte progressiva Armina , que foi um dos primeiros trabalhos sinfônicos de Tiso e porta de entrada para futuras composições de trilhas sonoras (A Ostra e o Vento, Chico Rei etc.) e orquestrações de suites sinfônicas//








Os Pássaros lançado em 1985 é considerado um dos melhores e mais inspirados trabalhos de Tiso.
/Destaque para a vigorosa e dramática peça progressiva 7 Tempos, com fortes influências do Jazz Rock e da MPB (em versão do disco "Ao Vivo na Europa" (1983)/ http://youtu.be/c5F8NwOH-mc 





E já que estamos falando do Brasil, aqui vai a sensacional homenagem em forma de jazz-fusion (com bem-vindos toques de New Age) que Biglione musicou para a Serra do Mar.
Esta faixa se encontra no álbum "Quebra-Pedra" (1989) - o terceiro do músico.


   /Serra do Mar/ http://youtu.be/qn1yZ7p-ZLI




           A homenageada. // Foto: Acir Pedroso.






COORDENADAS
/Imagem de abertura do post/ Capa do disco "Toca Brasil (Arraial das Candongas)" (1982).
/Fontes de Consulta/ Rate Your Music e Clique Music.