Instrumentais & Turnê

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A banda Europe desembarcará em São Paulo no próximo 5 de novembro, trazendo a turnê "Last Look at Eden Tour", que promove o último disco homônimo lançado pelo grupo, em 2009.
Os suecos prometem tocar  músicas de todas as fases  (incluindo os grandes sucessos). Desde as mais antigas,  da década de 1980, como por exemplo: "Open Your Heart" (uma das  favoritas do vocalista Joey Tempest)  e  "Wings of Tomorrow"  (que poderá ser substituída por "Stormwind") do segundo álbum "Wings of Tomorrow" (1984),  passando por  "The Final Countdown" (maior sucesso da banda, que já foi utilizada em peça publicitária do Exército Brasileiro) e "Cherokee" (presentes no  álbum "The Final Countdown" - lançado em 1986 e sucesso mundial). Também tocarão "Superstitious" (o carro-chefe do LP "Out of this World" de 1988) e "Prisoners in Paradise", em versão acústica, que abre o álbum homônimo lançado em 1991 [este trabalho encerra a primeira fase da banda (que durou de 1983 até 1992, registrando 20 milhões de discos vendidos) marcada por um hard rock arena com pinceladas progressivas e influenciado pela música clássica].









Após um longo período de inatividade, o retorno da banda ocorreu em 2003. Um ano depois, lançam o  disco "Start from the Dark", que marca uma mudança na sonoridade do grupo ao apresentar um hard rock mais pesado e "crú". Deste trabalho, será tocada a faixa "Start from the Dark". Em 2006, o álbum "Secret Society" é lançado com a mesma sonoridade do anterior. "Love is not the Enemy" provavelmente será a faixa executada deste disco (podendo ser substituída por "Always the Pretenders"). O último disco lançado pela banda que dá nome a esta turnê - "Last Look at Eden" - contribuirá com cinco músicas para o show (com destaque para "No Stone Unturned"). 






                                     John Norum: o guitarrista da banda responsável pelas músicas instrumentais.
                                                                           (Foto: Site da banda). 





Com relação às músicas instrumentais, a faixa "Optimus", do álbum homônimo (1995) da carreira solo do guitarrista John Norum, será tocada ao vivo. Esta faixa é em homenagem a rua de mesmo nome, em Estocolmo, onde o guitarrista cresceu. Uma peça instrumental vigorosa e com um marcante e criativo tema, composta pelo guitarrista em parceria com Karen Hunter.


/Solo de Guitarra e Optimus - ao vivo em 2010/ 
 http://www.youtube.com/watch?v=6iNTMObexTc














John Norum é o criador das faixas instrumentais da carreira da banda.
A primeira música instrumental  composta para a banda foi  "Boyazont" em parceria com o músico sueco Eddie Meduza. Esta faixa é em homenagem a namorada ("Boya" - o apelido da garota) do guitarrista na época do lançamento do primeiro disco - "Europe" (1983). A característica marcante de "Boyazont" é a levada vigorosa e agradável da guitarra, que cria um efeito climático a uma música de alma hard rock.












                                     A faixa  "Seven Doors Hotel" faz parte do primeiro disco lançado pela banda.
                                                                          Sucesso no Japão e baseada no filme "The Beyond", foi a primeira música escrita pela banda.
                                                                          A instrumentação desta faixa é influenciada diretamente pela música clássica.




/Boyazont - Versão de Estúdio/ http://www.youtube.com/watch?v=Ax9gH0JtjDo











"Aphasia", a faixa instrumental do disco "Wings of Tomorrow", foi composta exclusivamente por John Norum. Sua estrutura melódica é muito semelhante à faixa "Boyazont", com as mesmas características de uma música vigorosa, apresentando um tema marcante e bonito, que é enriquecido por uma rica instrumentação (com a guitarra sendo o instrumento de destaque). Um típico instrumental hard rock arena de qualidade.
A banda alemã "Hammefall" fez a sua versão desta faixa no álbum "Masterpieces" (2008)   -que traz  covers de clássicos  de  grandes bandas do rock. A versão teutônica ficou bem parecida com a original sueca. 

/Aphasia - Versões de Estúdio (Europe e Hammerfall)/ http://www.youtube.com/watch?v=gDWyqUHOOaU









       Ao Vivo em Lakselv , Noruega (2008).






Em 1986, no Isstadion (foto à direita), na cidade de Timra (Suécia), a banda tocou, ao vivo, as duas faixas (na sequência e em ordem cronológica).


      
                                            
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         


O que as faixas "Optimus", "Boyazont" e "Aphasia" têm um comum, além de serem compostas pelo mesmo músico: temas instrumentais melódicos que são épicos e vibrantes, enérgica cozinha instrumental que acompanha a guitarra e a classe e a qualidade da música instrumental bem elaborada.









                                     A segunda fase da banda, na época do lançamento do álbum "Secret Society" (2006).









COORDENADAS//Site da Banda// www.europetheband.com
//Revista Revelation Z// www.revelationz.net
//Set List provável para o show de São Paulo//
1/Prelude/ 
2/Last Look at Eden (Last Look at Eden)
3/Love is not the Enemy (Secret Society)/
4/Superstitious (Out of this World)/
5/Gonna Get Ready (Last Look at Eden)/
6/Scream of Anger (Wings of Tomorrow)/
7/No Stone Unturned (Last Look at Eden)/
8/Prisoners in Paradise (Versão Acústica) (Prisoners in Paradise)/
9/Open Your Heart (Wings of Tomorrow)/
10/Wings of Tomorrow ou Stormwind (Wings of Tomorrow)/
11/Solo de Guitarra e Optimus (Optimus)/
12/Seventh Sign (Prisoners in Paradise)/
13/New Love in Town (Last Look at Eden)/
14/Start from the Dark (Start from the Dark)/
15/Let the Good Times Rock (Out of this World)/
16/Cherokee (The Final Countdown)/
17/Rock the Night (The Final Countdown)/
//Bis//
18/The Beast (Last Look at Eden)/
19/The Final Countdown (The Final Countdown)/
//Outros Solos//
/Solo de Baixo (John Leven)/
/Solo de Bateria (tendo como base a música clássica "William Tell Overture" de Rossini)
(Ian Haugland)/
/Solo de Teclado [geralmente antes da música "Sign of the Times" (fora do atual set list) (Mic Michaeli)]/




Aqua Solaris

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"Solaris" é uma das mais belas músicas instrumentais compostas pela  banda brasileira de rock progressivo "O Terço". Ela está presente no álbum "Casa Encantada", um inspirado trabalho lançado em 1976, que  junto com  o disco "Criaturas da Noite", configura-se como o ápice lírico e criativo do conjunto [apresentando uma mescla rica e bem conduzida de MPB com rock progressivo, guiada por alguns dos melhores músicos brasileiros: Flávio Venturini (vocal e teclados) e Sérgio Magrão (baixo e vocal), que posteriormente formariam a banda "14 Bis"].










A instrumental "Solaris" mostra em seus enxutos três minutos (e oito segundos) o que de melhor o movimento progressivo pode oferecer (marcante tema principal , que  é  retomado no decorrer da música,  alternância criativa entre passagens lentas e rápidas e instrumentos bem colocados e executados que dialogam entre si). Uma verdadeira suíte progressiva que nem parece ter uma duração abreviada (devido a sua riqueza musical).






         "O Terço" - no auge e ao vivo em plena década de 1970.



Luiz Moreno (baterista e vocalista) foi o criador desta faixa instrumental caracterizada pela sua densa textura sonora (com destaque para o órgão proeminente e dramático e para o baixo bem marcante). A essência da faixa é otimista (talvez a busca pelo lado ensolarado da vida).

/Ouça a versão original de "Solaris"/ http://www.youtube.com/watch?v=fNAvsDiPxts      







                                     Design verde:  a combinação simbiótica entre os elementos da natureza.
                                     Desenho: Sun & Water (These Condwave).





Ensolarado (nos dois sentidos) e engenhoso é o aparato criado por três designers industriais coreanos (Jung Uk Park, Myeong Hoon Lee e Dae Youl Lee). Adeptos do design verde (voltado para a autossustentabilidade), eles criaram um saco plástico (Life Sack), que é um purificador de água. Normalmente, os sacos plásticos utilizados na África têm a função de containers para o  armazenamento de  grãos alimentícios (frutos da doação humanitária para o combate à fome neste continente).  O Life Sack faz a criativa junção comida-água prontas para consumo (com o redesenho do saco de armazenamento de farelos). Valendo-se da polivalência perspicaz de sua função, uma vez que a comida  é retirada do saco e armazenada, o  recipiente pode ser abastecido com água da região (geralmente impura). Assim, se transforma em um kit solar de purificação de água. 










O Life Sack pode ser utilizado como uma mochila para se transportar a água (de maneira rápida e eficaz, da fonte para a casa do usuário), pois possui alças laterais que permitem que a pessoa carregue o saco-mochila nas suas costas (facilitando uma caminhada muitas vezes árdua e longa). No  norte do  Quênia, por exemplo, mulheres caminham cinco horas por dia na extenuante "logística" da água escassa. E o máximo que conseguem são galões de água barrenta.  











Enquanto a pessoa caminha com o saco-mochila de água nas costas, o primeiro processo de desinfecção da água - SODIS (Solar Water Disinfection) se inicia: a radiação UV-A do sol incide diretamente no plástico em PVC do saco-mochila  e  combinada com o tratamento termal do Life Sack, elimina os micro-organismos e bactérias encontrados na água.
Quando o indivíduo chega na sua comunidade, ele pode prolongar a exposição da água (de dentro do Life Sack) ao sol (se achar necessário).







                                     Life Sack: o aparato multitarefa chega à comunidade e se transforma de mochila de
                                                                          água em filtro de parede. (Foto: Tuvie)



O segundo processo de filtragem e purificação se inicia quando a água do Life Sack chega ao destino final (comunidade do usuário): remoção total e eficiente dos microorganismos presentes na água feita pelo filtro interno de alta tecnologia. Por fim, a água (um bem natural precioso e já escasso no Planeta)  torna-se limpa e potável para o consumo.









Life Sack é uma invenção que traz o objetivo de sua missão no nome: salvar vidas.
Com o saco-mochila preenchido com comida e água, o combate à fome e à sede  se torna eficiente, prático e ágil. Tudo o que o  depauperado continente africano e outras áreas miseráveis do mundo precisam.

Ainda não há informações sobre a comercialização do produto.















COORDENADAS
/Site consultado e de onde foram extraídas as fotos/ www.tuvie.com
/Site com matéria sobre a água/ www.viagemdoconhecimento.com.br 
/Desenho de abertura do post/ Sun-Water (Mehdi Plugins).

Escolha Individual

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"Individual Choice" é a sexta faixa do álbum de mesmo nome lançado em 1983 pelo violinista Jean-Luc Ponty.
Esta música reflete o novo posicionamento musical de Ponty, ao acrescentar em seu som o que de mais moderno se apresentava em termos de tecnologia sonora no início da década de 1980 (sequenciadores computadorizados, sintetizadores, violinos elétricos sofisticados etc). De certa forma, esta modernização na música instrumental de Ponty ecoa o que estava começando a surgir em escalada exponencial na sociedade ocidental: o início da  avassaladora computadorização como fenômeno social de massa (nas fábricas, nos escritórios, nas casas etc.).
Ainda hoje, ao se ouvir "Individual Choice" com sua saliente instrumentação programada e computadorizada, verifica-se que não está datada, pois sua qualidade e riqueza instrumental e melódica são atemporais. Estas qualidades estão inseridas dentro de uma composição que abarca de maneira criativa  uma série de influências musicais: rock progressivo, música eletrônica, jazz-rock, minimalismo.  Tal caldeirão musical criou uma das  faixas mais consistentes e belas da brilhante carreira do músico, em que a combinação dos instrumentos não cria um  frankenstein cibernético e sim uma marcante e arrojada composição que resistiu intacta ao teste do tempo. 
Nesta faixa, temos a presença de dois músicos: Jean-Luc Ponty (violino, teclados e sintetizadores) e Rayford Griffin (Earth, Wind and Fire) na bateria.
   




    



O videoclip segue a tendência cinemática e moderna da  música e exibe, em  uma edição acelerada  de  imagens em ordem cronológica (time-lapse) do cineasta Louis Schwartzberg,  o transcorrer do tempo e o funcionamento de  duas grandes  metrópoles (com destaque para Chicago)  dentro de dois dias inteiros (do amanhecer até o anoitecer). Neste contexto, surgem imagens em um ritmo alucinante de espaços, vias e meios de transportes como metrôs, avenidas (apinhadas de carros),  hidrovias, mercadões, shopping centers e bolsas de valores (com a intensa e massiva presença humana). Talvez a mensagem latente  deste videoclip seja a de que a humanidade está se desenvolvendo a passos largos e velozes e que no meio do grande redemoinho moderno e tecnológico de ofertas e alternativas  há possibilidades de escolhas  [podemos usar os transportes públicos como o metrô, navegar pelos rios, além da escolha já mais do que saturada  por andar de carro (na década de 1980, os engarrafamentos nas grandes metrópoles estavam começando a se tornar um estorvo)].


Assista ao videoclip oficial (imagens originais) da faixa "Individual Choice" com a versão ao vivo da música [que ganha um corpo mais rockeiro e enxuto (sem recorrer a toda a parafernália high tech de estúdio)] gravada no Arie Crown Theater em Chicago:
/Individual Choice/ http://www.youtube.com/watch?v=LMW1E8TT3oY    







          O transcorrer do tempo em uma grande metrópole, no período de um dia.  (Site: Sawse).









Este videoclip é um reflexo da sociedade moderna em que o ato acelerado de se viver se torna  sinônimo de dinamismo e eficácia (se contrapondo ao ciclo temporal da natureza), como também o excesso passa a ser um padrão considerado normal nesta sociedade tecnológica pós-industrial: produção massiva de carros que entopem as vias públicas gerando trânsito caótico e elevando consideravelmente a poluição nas grandes metrópoles, a busca desenfreada e desmedida  por altos lucros pelos bancos e empresas, a devastação  criminosa em larga escala  de matas nativas pela agricultura tradicional e a transgênica, a  pesca e  a caça  desenfreadas, que geram o lamentável aumento da lista de espécies animais ameaçadas de extinção. Um outro grave problema é o inchaço das grandes metrópoles com um crescimento imobiliário desordenado e nada autossustentável que não se integra harmonicamente com o entorno original (a área verde é dizimada e substituída por uma muralha de concreto que contribui para o aumento do efeito estufa e dos grandes alagamentos de bairros em temporadas de chuvas). O mote capitalista de "lucro imediato" - dirigido pela mão invisível do mercado (grandes bancos e corporações com o auxílio de governos coniventes com este capitalismo irresponsável) - é em grande parte o gestor da escalada de guerras pelo mundo, do aumento da poluição, da fabricação em larga escala de produtos nocivos para os consumidores, da derrocada econômica atual (com especulações criminosas), da destruição de ecossistemas etc. Uma sociedade em que o "ser" é substituído pelo "ter", gerando um total desequilíbrio nas mentes dos indivíduos que consequentemente irá afetar negativamente a vida como um todo no Planeta Terra.


 





             Carros, casas, ruas iluminadas e pouquíssimas árvores!  (Site: Crossland). 
 




É patente que o desenvolvimento da sociedade tecnológica pós-industrial possui os seus fatores positivos: o avanço de técnicas e processos  da ciência, informática, administração, arquitetura, engenharia que  quando bem empregados salvam vidas (descoberta da cura de doenças), ajudam o meio-ambiente (como a miniaturização e exclusão de elementos tóxicos dos produtos informatizados).  No entanto, o problema é  como estes fatores  são  utilizados.  As aplicações negativas destes diferenciais movidos pela  ganância por lucro a qualquer custo via subprodutos  [alimentos transgênicos,  produtos tóxicos,  produtos fossilizados em combustão...]  acabam por afetar drasticamente o meio-ambiente, com reflexo em ecossistemas deteriorados e outros ameaçados e a desregulação dos sistemas de equilíbrio terrestre (correntes marítimas e ciclos naturais dos ventos).
  











Mal-civilizados? Este é o título do excelente trabalho lançado por Jean-Luc Ponty, em 1980 (três anos antes de "Individual Choice").
Um dos melhores trabalhos do artista que mescla com inspiração diversos gêneros sonoros (jazz-fusion, progressivo e funk) em uma viagem instrumental lírica e de alerta para a preservação da natureza, com destaque para as excelentes músicas: "Demagomania" [abre o disco com consistência e sofisticação (lembra o melhor das faixas instrumentais do Alan Parsons)]. Na sequência, "In Case We Survive", o destaque vai para um tema instrumental acústico inicial que remete à pergunta do título da faixa e para a transformação da música em um jazz-rock robusto. Já em "Peace Crusaders", o lirismo em tom positivo alça vôo alto (com o belo trabalho guitarrístico de Joaquin Lievano e o solo de teclado em cascata de Chris Rhyne),  transformando esta música em uma das mais intensas e agradáveis do disco. Encerrando o disco, temos a poética e dramática balada acústica "Once a Blue Planet", uma faixa, sem dúvida, distópica e melancólica.
A capa de "Civilized Evil" também vale mencionar por seu desenho interessante que mistura surrealismo com ficção-científica (talvez uma metáfora de um indivíduo acorrentado e embrutecido por um sistema controlador e opressor que lhe tira a individualidade e o transforma em um mero seguidor de ordens e rótulos). 

Ouça a épica e marcante faixa (em clima de jam session) que abre o disco "Civilized Evil" com categoria, em uma versão ao vivo, no Palácio das Convenções do Anhembi - São Paulo (1981):








                                                                          22 de setembro de 2010: Dia Mundial sem carro na cidade de SP. 
                                                                                               (Foto - Site: Cosmo)








A falta de civilidade social aparece fortemente no trânsito das grandes metrópoles. 
São Paulo é um exemplo de cidade em que o seu planejamento viário é estritamente voltado para  o uso do carro.  A extensão de sua malha  metroviária (68,80 km) é drasticamente inferior em comparação com a de Paris (213 km), e as obras de ampliação das linhas de metrô sempre foram adiadas por décadas. Quando saíram do papel para a execução [obras de ampliações de algumas linhas nos últimos anos (exemplo: Centro-Vila Sônia)], estruturas construídas desabaram matando pessoas [foi comprovado que o consórcio de construtoras  não tomou as medidas corretas de segurança  com relação ao reforço estrutural do que já estava construído (leia-se: economizaram com material e o resultado foi  que a "casa caiu")].
Infelizmente, as outras possibilidades de transporte na cidade são  insidiosamente abandonadas. Por exemplo, não existe uma ciclovia  que interligue a cidade (é impossível ir de bicicleta do Butantã até o centro da cidade sem um alto risco de ser atropelado, pois o ciclista não tem um espaço seguro onde possa andar). As ciclovias que o poder público diz existir são, na verdade, pequenos trechos próximos de parques que não resolvem em nada a vida do ciclista (meras intervenções "cosméticas").
A experiência de  andar a pé em São Paulo é outro martírio que confere sensação de mal-estar pelo fato de  a cidade não trazer acolhimento ao indivíduo, que fica preso nas ruas e avenidas poluídas repletas de carro (os lugares de se "estar" são pouquíssimos: apenas alguns parques). 
Pelo menos, os corredores de ônibus espalhados pela cidade são eficazes para quem usa este meio de transporte.
Mas o descaso com o transporte público permanece: não adianta fazer mais obras voltadas única e exclusivamente para carros, como: ampliação e construção de novas faixas nas marginais, viadutos, túneis etc. Isto porque o modelo lucrativo voltado para fabricação de carros já está mais do que saturado. Com mais 8.500 veículos novos  lançados por dia  nas já entupidas vias da cidade de São Paulo, estas construções feitas  para desanuviar o trânsito estarão congestionadas num futuro próximo.       
Quais as soluções para este imbróglio? Vários paulistanos já estão procurando resolver o problema: muitas pessoas vão a pé até  o trabalho (quando moram perto dele), outras caminham de sua casa até pontos comerciais próximos (padarias, supermercados etc.) e um número crescente de cidadãos faz a junção bicicleta-metrô em seu trajeto (tanto que o número de bicicletas alugadas aumentou nos últimos anos). Há também outras soluções simples e cidadãs para desafogar o trânsito: respeitar o rodízio e procurar dar carona para pessoas conhecidas que fazem o mesmo itinerário (procurando substituir a imagem mais que usual de uma pessoa por carro). Sem dúvida, são ações individuais voltadas para o coletivo que fazem a diferença  para diminuir o inchaço do trânsito e  a  poluição. Mas é fundamental que o poder público também se envolva e que tenha uma plataforma planejada e funcional com  alternativas mais  eficazes e limpas ao  modelo de uso de  carro no trânsito (daí a importância de se votar em candidatos que sejam autenticamente preocupados com a qualidade de vida e a autossustentabilidade).   











E uma realidade sem carros? Será que é possível imaginar?
O cinema já imaginou e o resultado está mais para distopia, apocalipse, cataclismo ou horários inusitados livres de congestionamentos (como a imagem de uma avenida de grande movimento, da cidade de São Paulo, em plena madrugada. Esta cena aparece  no  filme "Linha de Passe") do que para uma vida harmônica, ecológica e equilibrada com alternativas funcionais e não poluentes ao meio ambiente.







         Onde estão as pessoas? A maioria virou zumbi no  filme "Eu Sou a Lenda"  (Foto:  Site - Movie Goods).








         Londres completamente vazia!  Culpa, outra vez , dos humanos que viraram zumbis!  Filme: Extermínio








         O minhocão pra lá de sinistro  no filme  "Ensaio sobre a Cegueira".  Aqui as pessoas não viram zumbis, mas ficam cegas.    







Será que não há uma realidade sem carros que não traga penitências e sofrimentos?
Mas que proponha uma reflexão otimista e construtiva?



         Imagem de ausência que aparece no videoclip "Running on Empty" de Ross Ching.




Esta proposta está presente no "Projeto Running on Empty" do fotógrafo e cinegrafista Ross Ching. Estressado e entediado de ficar inúmeras vezes confinado no trânsito enlouquecedor de Los Angeles, ele resolveu embarcar em um projeto que mostrasse as principais vias desta metrópole completamente vazias  (sem a presença das pessoas e de veículos em movimento).











Então, criou um vídeo que nos transporta a um cenário impactante livre da presença humana e que nos faz refletir sobre o absurdo e distorções de certas situações (como os congestionamentos provocados por carros). O efeito é pertubador e chocante, pois nos faz contestar certos padrões de vida baseados em  modelos já esgotados que trazem impactos nocivos ao meio ambiente e também danos à saúde física e emocional dos indivíduos. 
Este vídeo é inspirado na técnica de filmagem chamada "time-lapse" que mostra o transcorrer de um dia através de imagens aceleradas (a mesma técnica utilizada pelo cineasta Louis Schwartzberg no videoclip "Individual Choice" de Jean-Luc Ponty). Também o artista teve como influência as fotos do ativista Matt Logue, que mostram vários pontos da cidade de Los Angeles completamente desertos na série intitulada "Los Angeles Vazia".
Repare na foto de Logue (acima), o efeito de contraste entre a natureza (céu cheio de nuvens, algumas árvores próximas das vias) e a selva de pedra de Los Angeles. 
Segundo Matt Logue, o objetivo de suas fotos é suscitar algumas dúvidas relevantes sobre modelos dos quais nos tornamos completamente dependentes: "Se os carros sumissem, qual seria a reação das pessoas?" e "Como o meio ambiente responderia?".







       Qual o nome deste filme de ficção-científica? Se esta foto de Matt Logue fosse um filme, o nome seria "L.A. Vazia".




O artista Ross Ching  tirou fotos de cenários em  que não  apareciam veículos e pessoas na cidade de Los Angeles e editou os fotogramas em que apareciam poucos carros. Na criação do videoclip, usou a técnica de edição time-lapse (método que filma movimentos lentos com o uso de várias fotos, que quando são colocadas na velocidade padrão de um filme, a imagem se torna acelerada). O resultado é um vídeo surreal, que remete à realidade de uma cidade sem a  ruidosa presença humana. A trilha sonora é  a música  "No Suprises" da banda Radiohead.
/Assista ao vídeo "Running on Empty"/ http://www.youtube.com/watch?v=OouOM3ChmIY



O videoclip de  Ching  procura despertar a  atenção dos espectadores para dois pilares essenciais ligados à preservação do  Planeta, conforme sustenta o manifesto "Carta da Terra": Integridade Ecológica e Respeito aos Direitos Humanos Universais.
A mensagem do vídeo  nos faz  elencar pontos de mudança essenciais, como: quais são as alternativas viáveis e positivas que podem ser mais utilizadas, ampliadas e  aperfeiçoadas como alternativa aos carros e aquelas que são passíveis de serem criadas e desenvolvidas como meios plausíveis de substituição. Uma escolha consciente e individual  já faz a diferença, visto que somos uma sociedade global interligada.

















COORDENADAS  
/Imagem de Abertura/ Foto da contracapa do disco "Civilized Evil" de Jean-Luc Ponty.
/Imagem dos "arames" brancos de luz/ City Lights Abstracts - Steve Somerville.
/Desenho do ciclista/ Blog do Sargento Tavares.
/Site do músico Jean-Luc Ponty/ www.ponty.com
/Link do Projeto Running on Time do artista Ross Ching/ www.rossching.com/running-on-empty
/Link do Projeto Empty L.A. do artista Matt Logue/ www.mlogue.com/p586914549