Saltos de Resgate

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Golfinhos (Rotador, Nariz-de-Garrafa, Listrado, Dall, de Risso e vários outros), Boto-Cor-de-Rosa e Toninha - Cetáceos ágeis, inteligentes e sensíveis - estão cada vez mais sendo vitimados pela poluição dos oceanos, pela sobrepesca (que diminui consideravelmente a sua alimentação), pela  pesca predatória (que está dizimando o Boto-Amazônico e o Golfinho-Nariz-de-Garrafa, por exemplo). O filme "A Enseada" (2009) - documentário premiado com Oscar - é um retrato chocante da leniência criminosa do governo japonês com  os  conglomerados pesqueiros, que vão trucidando com requintes de crueldade os Golfinhos-Nariz-de-Garrafa para comercializar a sua carne (em um processo de linha industrial de extermínio, no qual a máfia também  está envolvida). Como se não bastasse esta matança,  inúmeros outros Golfinhos desta espécie são capturados para servirem de atração em parques aquáticos (neste tipo de cativeiro, inúmeros Cetáceos vivem muito menos do que em um ambiente livre, entrando em depressão e adoecendo). Os Golfinhos que não se "adequam" aos "padrões" de seleção para integrarem tais parques são sacrificados. Algum tempo depois deste documentário passar no Japão e causar comoção pública, a  pesca assassina na Enseada da Morte (o principal local de abate desses Cetáceos no Japão, na cidade de Taiji) retomou a sua marcha de carnifina. Se nada for feito para deter este comércio de sangue, o Golfinho-Nariz-de-Garrafa (e inúmeros outros Golfinhos igualmente chacinados no Japão) entrarão na lista de ameaçados de extinção. Em um trecho do filme, a equipe  do realizador do documentário Ric O'Barry (ex-treinador de Golfinhos do seriado Flipper)  foi até a Enseada em uma noite na véspera do abate dos Cetáceos que estava planejado para a manhã seguinte. A equipe gravou os sons de comunicação entre os Golfinhos e verificaram que a modulação das ondas sonoras estava fora dos padrões usuais de frequência (com inúmeras "vozes" misturadas, altas e entrecortadas que mais pareciam uma sinfonia do horror). Depois, o realizador  e a equipe chegaram à conclusão que os Golfinhos sabiam que iriam morrer, e portanto, a comunicação entre eles tinha a essência do desespero. Eles não tinham como sair  da enseada, já que os caçadores haviam obstruído todas as possíveis saídas do local.          






 


No Brasil, duas espécies de cetáceos estão ameaçadas de extinção: O Boto-Cor-de-Rosa e a Toninha .
No caso do Boto-Amazônico, o  fator que  promove  a  queda drástica  do número de  indivíduos da  população desses  mamíferos   é a pesca predatória e indiscriminada feita por matadores de aluguel que  dizimam incontáveis Botos com machados e facões para vender sua carne que é utilizada como isca para capturar o peixe Piracatinga [comercializado na Colômbia e nos Estados Unidos (como petisco em restaurantes), sendo que no Brasil sua carne não é apreciada)]. Também partes do corpo deste Cetáceo (olhos  e  órgão reprodutor, por exemplo) são vendidos nos mercados amazônicos como amuletos. Estas ações estão lançando o Boto no limiar da extinção. Campanhas focadas e estratégicas poderiam ajudar a reverter este quadro assustador. Uma forma de envolver a população amazônica na preservação seria tranformá-la em guardiã do Boto-Cor-de-Rosa, via turismo sustentável em que fosse remunerada por isso (como guias turísticos). Por exemplo, a observação sustentável deste Golfinho (nos moldes da observação turística  das Baleias). Além disso, esta campanha de conscientização destacaria a grande importância do Boto-Amazônico como um ser imprescindível para o equilíbrio do ecossistema da Ama
zônia  e  como um ser único (endêmico) dotado de inteligência, sensibilidade e consciência. O outro flanco da Campanha estaria voltado para explicar aos consumidores da carne da Piracatinga e de partes de órgãos do Boto, que tais atitudes consumistas graves e  desnecessárias  levarão este mamífero  relevante  à extinção (ao apontar que há possibilidades sustentáveis  para se pescar a Piracatinga, como também evidenciar a inveracidade da crença de que partes arrancadas do Boto-Cor-de-Rosa são talismãs).




 



 
 
Já as Toninhas são cetáceos mais tímidos, discretos  e com uma  envergadura menor  em comparação com os outros tipos de Golfinhos. Não dão saltos e rotações no ar e sobem à superfície para respirar por apenas alguns segundos (momento em que é possível observar apenas uma pequena parte do seu dorso, que fica rente à água). Elas também não se aventuram em alto mar, ficando restritas  a águas mais rasas  de regiões costeiras, com vistas a   caçar pequenos peixes e moluscos nas  desembocaduras de rios. Com a poluição das águas e a pesca predatória, as Toninhas são gravemente atingidas pela falta de alimentos. O despejo de lixo e esgoto e a  construção de  portos  faraônicos no  habitat  destes pequenos  Golfinhos agravam fortemente  sua saúde (com a água poluída  afetando inúmeros seres marítimos  e a poluição sonora de navios cargueiros  comprometendo seriamente a sua audição e consequentemente o seu sonar que serve como uma precisa bússola de orientação espacial).
Juntando-se a estas graves ameaças, há uma  outra grande exterminadora da vida das Toninhas: as redes de pesca que impedem que o bicho suba  à superfície para respirar e assim provocam o seu afogamento, ao prendê-lo.  O fato é que a Toninha é  uma das espécies de Golfinho mais  gravemente  ameaçadas de extinção. Devido  a este fato alarmante, projetos bem estruturados que visam ao resgate desta espécie estão sendo realizados no Brasil, como por exemplo: o Projeto Toninhas concebido pela Univille (Universidade da Região de Joinville) na Baía de Babitonga (santuário para estudo deste mamífero) na cidade de São Francisco do Sul, em Santa Catarina  e o Projeto Toninha, Cadê Você? -  da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) que atua na preservação destes pequeno Cetáceo no Estado do Rio de Janeiro.        




     










É da banda britânica de neo-progressivo Landmarq uma música que pode ser considerada um emocionante hino de preservação dos Golfinhos ao redor do Planeta. Uma intensa balada em que a perfeita combinação de letra e melodia inspiradas criam um clima de afeição e comoção frente a situação dramática vivenciada por esses mamíferos. É um suspiro consciente em forma de alerta feito por essas adoráveis criaturas. Afinal, espírito, tristeza, sonhos, alegria e memórias não são características exclusivas apenas de seres humanos.






"Tailspin (Let Go the Line)"
combina com criatividade o rock progressivo com a música pop, não deixando de lado a rica estrutura instrumental (com belos diálogos entre guitarra e teclado). A faixa está presente no disco "Infinity Parade" (1993) - o segundo trabalho lançado pela banda, que contava com os vocais de Damian Wilson (Threshold / Rick Wakeman). A canção é uma parceria entre o baixista Steve Gee (letra) e o guitarrista Uwe d' Röse (instrumental).
A versão do belo vídeo abaixo conta com os vocais de Tracy Hitchings (Quasar / Rick Wakeman / Steve Hackett) e está presente no disco ao vivo "Thunderstruck" (1999).
E que os desfiles e saltos dos Golfinhos sejam infinitos e eternos (atemporais de geração para geração). 


 












//ROTAÇÕES//

 
 
/Site do Projeto Toninha, Cadê Você? (RJ)/

/Usados como Isca, Botos são Alvo de Matadores de Aluguel na Amazônia - Matéria Publicada no Site do Jornal "O Globo"/
 
/A Toninha Precisa Respirar - Matéria do Site do Jornal "O Globo"/

/Site da Banda Landmarq/
 
 
//GIROS//


/Foto#1/ Golfinhos Saltando.

/Foto#2/ Pôster do Filme "A Baía" em versão francesa (Site - Movie Goods).

/Foto#3/ Golfinho Saltando em Moreton Bay (Baía no Leste da Austrália que possui Banco de Corais) (Foto - Russell Smith).

/Foto#4/ Boto-Cinza Saltando na Baía de Babitonga em Santa Catarina (Foto - Projeto Toninhas).

/Foto#5/ Botos-Cinza Saltando em Babitonga (Foto - Projeto Toninhas).

/Foto#6/ Dorso da Toninha (Foto - Projeto Toninhas).

/Foto#7/  Toninha Deslizando na Água (Foto - Projeto Toninhas).

/Foto#8/ Duas Toninhas (Foto - Projeto Toninhas).

/Foto#9/ Capa de "Infinity Parade" -  excelente disco progressivo sinfônico com pitadas de hard rock do grupo Landmarq. 

/Foto#10/ Três Toninhas no Horizonte (Foto - Projeto Toninhas).

E Depois do Veta, Dilma!?

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Depois dos vetos e das  sanções parciais da presidente Dilma (no último mês de maio) a alguns pontos do Código Florestal(entre eles, segundo o governo, a não anistia aos desmatadores), editou-se uma medida provisória  para ser analisada pela comissão mista   do  Congresso  e  na  sequência  ser votada pelo Congresso. O grande problema é que esta MP foi alterada e editada para pior por esta Comissão. Entre os graves desacertos  ratificados estão:
A diminuição do tamanho de recomposição das áreas desmatadas nas  beiras  dos  rios [pelo Código  recentemente aprovado pela comissão mista é de  15 metros medidos a partir da borda do leito regular do rio (no Código anterior era de 50 metros) em propriedades de 4 a 15 módulos fiscais]. Além disso, pela lei atual, as margens de rios serão medidas na época da seca (e não da cheia), o que  acarretará  a  redução do nível das  bordas dos rios com vistas à recuperação]. Tal mecanismo de medida ameaça a vida de inúmeras espécies que vivem no entorno dos rios, ampliando a erosão das áreas ribeirinhas e extinguindo os corredores verdes originais para a fauna;
A "recuperação" de nascentes e matas ciliares em  Áreas de Proteção Permanente (APPs) com monoculturas e não mais com árvores e plantas nativas originais. Tal pseudo recuperação pode transformar vastas áreas de  floresta em um imenso deserto verde artificial não nativo e banhado de agrotóxicos (pois esta "recomposição"  permitida para  pequenos  agricultores passa  a ser disponibilizada também  para os grandes latifundiários);







O grande risco de se fatiar (ilegalmente) uma propriedade em terrenos menores com o objetivo de  fugir da obrigação de se fazer uma  restauração maior (pois pela atual legislação propriedades menores podem recompor um espaço menor);
A definição pelos Estados (segundo a atual MP) do tamanho das matas ciliares  e nascentes a serem "recuperadas" pelos grandes proprietários (o que abre brecha para lobbies e outros tipos de pressões locais);
A falta de proteção para as nascentes dos rios intermitentes, que podem ser legalmente desmatadas (pela nova lei).

 
 

Esta medida provisória (que regulamenta o Código Florestal) está no momento sem acordo para votação na Câmara. Os ruralistas não entram na votação dela sem a confirmação da presidente de que não irá vetar esta MP.
Sem a aprovação do acordo de alteração do Código, a MP rumará para a perda da sua validade [voltando automaticamente o texto (do Código Florestal anterior) em detrimento das mudanças feitas pelo Congresso na primeira versão aprovada do novo Código (que fez surgir como contraponto o Movimento Veta, Dilma!)].
O governo quer  evitar  que  ocorra  o  regresso do  Código Florestal  precedente e para isso tem como planos apresentar projeto de decreto legislativo no Congresso (com vistas a manter parte da legislação atual) ou então, através de uma nova MP, promover a mudança no Código atual (que poderá ocorrer após as eleições de outubro).
Por que não  promulgar o Código Florestal anterior? Já que é incomensuravelmente superior ao atual (visto que promovia a proteção ambiental e não o extermínio da fauna e da flora - como é o caso da mais recente lei).





A seguir, um texto que prima por uma análise clara e realística em relação ao novo Código Florestal.
Ele foi escrito por Raul Silva Telles do Valle - Advogado do Instituto Socioambiental (ISA), em 05/09/2012.
Obs.: Eu acrescentei os destaques em vermelho e as fotos.
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LENTO ADEUS AO CÓDIGO FLORESTAL







Os grandes jornais estamparam, na semana passada, a foto do bilhete da presidente Dilma endereçado à ministra Isabela Teixeira (Meio Ambiente), no qual extravasa um suposto descontentamento com o acordo fechado entre o Palácio do Planalto e a bancada ruralista para aprovar a Media Provisória (MP) do Código Florestal na comissão mista do Congresso que a analisa. A imagem foi flagrada numa reunião em Brasília.

Segundo o pequeno pedaço de papel, Dilma estaria preocupada com a alteração da "escadinha", o escalonamento na obrigação de recuperar as chamadas Áreas de Preservação Permanente (APPs) às margens de rios e nascentes, de acordo com o tamanho do imóvel - imóveis menores recuperam menos.

Oxalá esse fosse o principal problema do texto aprovado na semana passada pela comissão e o governo estivesse realmente preocupado com uma legislação florestal coerente e eficaz para o país. Mas não é nada disso.
 

Enquanto a ministra veio a público dizer que não abre mão da "escadinha", a bancada ruralista, com a benção dos emissários do Planalto, destrói o chão sobre a qual ela está apoiada. O texto aprovado - por unanimidade - acrescentou um item à MP que permite a recuperação de nascentes e matas ciliares com "árvores frutíferas": laranjeiras, pés de café, mamoeiros e por aí vai. Não misturados entre a vegetação nativa, o que já era permitido aos pequenos agricultores e tem lá o seu sentido; mas inclusive na forma de monocultivos em grandes propriedades.




 

A escadinha vai sair do nada e chegar a lugar nenhum, pois uma plantação de laranja - exigente em agrotóxicos para ser produtiva - pode ter muitas funções, mas não a de proteger uma nascente ou servir como corredor de fauna ao largo de um rio, como deveria ser uma APP.


Se a regra vier a ser confirmada pelos plenários da Câmara e do Senado e a presidente não vetá-la - algo bastante plausível - um determinado médio proprietário, por exemplo, que, em 2007, tenha desmatado ilegalmente 30 hectares de vegetação à beira de um pequeno rio, poderá se "regularizar" plantando nove hectares de mamoeiros e explorando o restante da área com pasto.

Se isso tiver ocorrido numa região de cerrado goiano, por exemplo, ele terá colocado abaixo, ilegalmente, 30 hectares de vegetação com pelo menos 50 espécies diferentes de árvores e mais centenas de outros tipos de plantas, que serve de abrigo e fonte de alimentação para um incontável número de espécies animais (de grandes mamíferos a pequenos insetos). Em seu lugar plantará nove hectares de uma única espécie (talvez algum capim se espalhe por debaixo, caso não exista "faxina química" com agrotóxicos, como ocorre usualmente nessas plantações), que servirão de abrigo e alimentação apenas para algumas espécies muito generalistas de insetos e pássaros, os quais provavelmente serão atacados de forma persistente com inseticidas para não danificarem a colheita.






A MP foi editada em maio para suprir as lacunas deixadas pela sanção parcial de Dilma ao projeto aprovado pela Câmara para alterar o antigo Código Florestal. Pelas regras já sancionadas e que agora são lei, esse pequeno rio terá suas margens medidas na época da seca, e não da cheia, o que fará com que ele "diminua" de tamanho, caindo de algo próximo a 15 metros para menos de 10 metros de largura. Esse médio proprietário, segundo as regras da MP, teria de recuperar, então, 15 metros de cada lado do curso de água, ou seja, 30% da área que em 2007 estava protegida por lei (50 metros em cada margem). Com a regra acrescentada pelos parlamentares, esses 15 metros poderão ser uma monocultura de mamão.

Ah, se essa propriedade estiver dividida em mais de uma matrícula e esse proprietário cadastrar cada uma como se fosse um imóvel diferente no Cadastro Ambiental Rural, fraude possível pela nova lei que já está em vigor, o tamanho da "restauração" será bem menor, pois cada "sítio" se enquadrará num degrau mais baixo da "escadinha", no qual a obrigação de restaurar é menor ainda.


 
 

 
Caminho do Absurdo



A criação de laranjais "produtores de água" não foi a única modificação no texto da MP promovida pelos parlamentares. Eles também diminuíram o tamanho da área de matas ciliares e nascentes a ser restauradas pelos grandes proprietários, que agora passará a ser definido no caso a caso por meio dos programas de regularização ambiental que serão criados pelos estados. Essa é uma pauta antiga dos ruralistas: deixar para o nível local a decisão de restaurar ou não. Além disso, diminuíram a proteção às veredas e pequenos rios intermitentes - as nascentes desses rios já estão sem proteção e podem ser legalmente desmatadas pela nova lei em vigor. Aos poucos, vamos dando o adeus definitivo àquilo que um dia chamamos de legislação florestal.

 
O acordo fechado não surpreende, por mais absurdo que possa parecer - pelo menos aos olhos de quem acredita que proteger nossas florestas faz algum sentido. Quem acompanha a novela, já sabe seu final. Já não há mais qualquer racionalidade nas discussões parlamentares sobre a nova legislação "florestal". Permitir "recuperação" de nascentes com cafezais e de matas ciliares com laranjais é tratado como algo razoável, que sequer suscita qualquer tipo de questionamento. Retirar a proteção à vegetação responsável pela infiltração de água que alimenta as nascentes da Caatinga e do Cerrado, justamente as que secam durante alguns meses do ano em função do estresse hídrico, é algo comemorado. Determinar que cada estado defina o quanto os grandes proprietários terão de "recuperar" - se for com pés de mexerica, a palavra está equivocada - das áreas de preservação irregularmente desmatadas, incentivando uma "guerra ambiental", é perfeitamente normal.





Bilhete em Branco



O que fica claro nessa história toda é que nenhuma das partes está preocupada em ser coerente com o que diz, mas apenas em aprovar o texto o mais rápido possível e ficar bem na foto.
 
 
O bilhetinho de Dilma, embora escrito em letras garrafais para que todas as lentes pudessem flagrá-lo, carece de sinceridade. O Palácio do Planalto já tinha deixado claro suas intenções quando optou por assinar embaixo da lista de desejos dos ruralistas e sancionar, com poucos e irrisórios vetos, o projeto por eles elaborado, editando na sequência uma medida provisória para repor parte daquilo que eles rejeitaram.
 
 
Até Eremildo, o Idiota, sabia que aquilo era um golpe de marketing. Não tinha nenhum compromisso em ser politicamente viável. Afinal, quem poderia acreditar que, já tendo sido derrotado duas vezes pelos ruralistas nesse mesmo assunto, sancionando uma lei com praticamente tudo que eles queriam, o governo teria condições de negociar com os ruralistas e garantir um texto cheio de coisas que eles não queriam? O resultado, óbvio, está aí: mais e mais concessões, mais e mais prejuízos ao meio ambiente.
 




Os ruralistas, por sua vez, vão deixando cair as máscaras uma depois da outra. Já não precisam mais disfarçar nada, pois sabem que estão com tudo e não estão prosa. Se no começo da campanha pela revogação do Código Florestal clamavam por regras que tivessem "base científica", alegando que a lei revogada era dela desprovida, agora fingem que não escutam as reiteradas advertências feitas pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) às regras que aprovaram. Ou alguém acha que a regra que permite plantar laranja em nascentes é fruto de uma recomendação técnica embasada no melhor conhecimento científico?
 
A senadora Kátia Abreu, que até a sanção da lei pela presidente Dilma afirmava que os maiores interessados na proteção de nascentes e riachos seriam os próprios produtores rurais, na comissão especial estava na tropa de choque que aprovou o fim das matas ciliares dos rios da Caatinga e transformou as Áreas de Preservação Permanente em "Áreas de Plantações Permanentes".


Agora ela já duvida publicamente da relação entre proteção de florestas e produção de água. Com isso, ganhou o título de Doutora Honoris Causa da Academia Brasileira de Filosofia. E uma forte indicação para integrar o ministério da presidente Dilma.










 
Uakti é uma  criatura gigante amazônica que  produz sons mágicos, singulares e únicos através do vento que passa pelos inúmeros buracos que possui em seu corpo. O som é intensificado e ampliado quando o ser corre livre pela Floresta, às Margens do Rio Negro. Esta lenda é contada pelos índios Tukano do Alto Rio Negro.
O grupo mineiro Uakti captou o exotismo da criatura do Rio Negro, criando um som intrincado e complexo, que é  produzido por instrumentos inusuais construídos por  Marco Antônio Guimarães - o fundador e principal compositor e arranjador do conjunto. Plástico, metais, pedra, água, vidro, borracha etc. dão forma a flautas de pã, marimbas de vidro, instrumentos de corda com aço, tambores de plástico, dentre outros. O resultado sonoro da execução destes instrumentos se dá por uma  música  multicolorida  de  extrema  beleza  e  grande  dificuldade de ser classificada: em  seu  rio  sonoro  fluem ecos marcantes de Música Clássica, Música Regional Brasileira (Indígena, Clube da Esquina etc.), Música Andina, World Music, Minimalismo, New Age e outras vertentes musicais.


 


Uma interessante parceria  entre  o compositor minimalista Philip Glass e o grupo Uakti resultou no disco "Águas da Amazônia" (1999). Das 10 composições, 9 são temas baseados em rios amazônicos. A composição da obra ficou a cargo de Glass, que escolheu o grupo Uaki para interpretá-la. O resultado é uma  suíte  bem elaborada, dinâmica, vibrante, que envolve pela mágica de captar com maestria a beleza  da vida pulsante  mergulhada na  paisagem amazônica. Sem dúvida, um libelo pela preservação da Floresta.
O Grupo Corpo se utilizou da obra como trilha sonora para o seu balé calcado em cores marcantes: verde, azul, amarelo e branco. Talvez seja uma identidade visual que remeta à paz na Floresta, um cenário livre da devastação. "Sete ou Oito Peças para um Ballet" foi apresentado pela primeira vez em 1994.





     
Da obra, a faixa "Japurá River" é uma das mais bonitas. O seu andamento musical é marcado por uma mistura de Minimalismo com New Age e Música Indígena. Sua dramaticidade sutil parece ser um alerta para a não devastação de um patrimônio natural espetacular e sem precedentes.
Para criar uma dimensão sonora única e transcedental, o Uakti se valeu dos seguintes instrumentos nesta faixa: flauta de pã (feita de tubos de PVC), marimba d' angelim (madeira que proporciona um som rústico), marimbas de vidro (que conferem  uma distinta ressonância) e flauta adaptada. 




 
 
 
 






//DENTRO DA FLORESTA//
/Artigo: Lento Adeus ao Código Florestal. Autor: Raul Silva Telles do Valle. Fonte: EcoDebate. Via: Amda (Associação Mineira de Defesa do Ambiente/
/Artigo: Sem Acordo, Governo Admite Novo Projeto para Lei Florestal. Autora: Gabriela Guerreiro. Fonte: Folha de S.Paulo - Caderno Poder (13/09/2012)/
/Site de Philip Glass/
/Site do Uakti/
/Site do Grupo Corpo/
//BICHOS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO NA AMAZÔNIA (LISTA DO IBAMA)//
/Foto(1)/ Onça Parda (Fotógrado: Edir Manzano).
/Foto(2)/ Pica-Paus de Cara Amarela
/Foto(3)/ Araras Vermelhas
/Foto(4)/ Cachorro do Mato (Site: Encoapf).
/Foto(5)/ Boto Cor de Rosa Brincando.
/Foto(6)/ Guariba de Mão Ruiva na Árvore (Foto: Terra da Gente).
/Foto(7)/ Guariba de Mão Ruiva nos Troncos.
/Foto(8)/ Guariba de Mão Ruiva na Terra (Foto: Oryenne Fernandes).
/Foto(9)/ Tamanduá Bandeira na Estrada (Foto: Douglas Fernando).
/Foto(10)/ Onça Pintada à Noite.
/Foto(11)/ Tatu-Bola (Brazuca - o Mascote da Copa de 2014 foi inspirado no bicho  que corre o risco de desaparecer).
/Foto(12)/ O Mergulho do Boto Cor de Rosa (Foto: Mark Jenkins / Natural Geographic Brasil).
//UAKTI//

/Foto(13)/ Capa do disco "Águas da Amazônia".
/Foto(14)/ Contracapa da obra "Águas da Amazônia".
//PEIXE-BOI (AMEAÇADO DE EXTINÇÃO)//
/Foto(15)/ Peixe-Boi Nadando. 
                 

Passadas de Midas

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Em uma surpreendente arrancada no final da prova dos 200 metros dos Jogos Paraolímpicos de Londres (2012), o brasileiro Alan Fonteles superou o Bicampeão sul-africano Oscar Pistorius - atual recordista mundial (21 segundos e 30 centésimos) -  em 7 centésimos (completou a prova em 21 segundos e 45 centésimos). 

 




Tal feito de superação em todos os sentidos valeu um ouro inédito para o Atleta brasileiro. Nascido em Marabá (PA), Fonteles usa próteses especiais para competir.
O Corredor se valeu de uma estratégia ousada para vencer o rival: deu todo o seu "gás" nos momentos finais da prova (o seu ponto forte e diferencial é exatamente a "puxada" firme na reta final). A escalada  vitoriosa de Alan Fonteles foi um dos pontos altos dos Jogos Paraolímpicos Londrinos. Após estar  atrás de Pistorius nos primeiros 100 metros, o Campeão brasileiro  colocou em ação as suas inacreditáveis passadas que valem Ouro. Sensacional!


/A Superação que Vale Ouro/






É muito difícil encontrar uma música que faça jus e espelhe o feito histórico do  Atleta brasileiro. Para isso, ele precisa ser especial e  ter o poder de transcender...
Então, vamos lá: "As Quatro Estações de Vega" da banda 14 Bis. Um épico progressivo com fortes influências de um típico e único instrumental tupiniquim (com partes que lembram bastante o som da guitarra baiana de Pepeu Gomes). O tema principal da faixa é bem apoteótico e cativante. Já em outro momento, a música adquire uma sonoridade mais meditativa (New Age). Se tivesse que definir "As Quatro Estações de Vega" com uma única palavra esta seria: Positividade.
Esta faixa instrumental está presente no disco "A Idade da Luz" (1983) e foi composta por Flávio Venturini e Vermelho.
A Estrela Vega - que foi descoberta na década de 1980 - é a mais brilhante da Constelação de Lira e também uma das estrelas mais luzentes do céu noturno (cinquenta vezes mais brilhante que o Sol). Vega (palavra de origem árabe que significa  Águia mergulhando) se encontra a 25 anos-luz do Sistema Solar (tornando-se uma das estrelas mais próximas do Sol).
No filme "Contato", levanta-se a possibilidade da existência de uma civilização altamente adiantada e elevada a partir dos rincões da Estrela Vega.

 
/14 Bis - As Quatro Estações de Vega (Versão Estúdio)/













//OUTRAS ESTRELAS//

/Imagem(1)/ Ultrapassando (Foto: AFP)
/Imagem(2)/ Passadas Imbatíveis (Foto: Record)

/Imagem(3)/ Vale Ouro (Foto: Fernando Borges / Site: Terra)
/Imagem(4)/ Capa do disco "A Idade da Luz" (1983), que traz também a balada "Todo Azul do Mar" (Fonte: Site do grupo).
/Imagem(5)/ 14 Bis - Ao Vivo (Foto: Lucas Bori / Site da banda).
/Matéria "Astro" - Caderno Esporte - Folha de S. Paulo (04-09-2012)/
/Wikipédia - Vega (Estrela)/

Memórias de Um Escorpião

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Uma semana em janeiro de 1985 foi a melhor da vida para o ex-baterista de uma das bandas mais conhecidas do mundo do rock. Herman Rarebell - que tocou no Scorpions por dezesseis anos - lembra do Rock in Rio I como uma experiência única e inspiradora, pelo fato de o grupo estar no auge e ter tocado para um imenso e receptivo público em um lugar diferente. Tanto que considera o seu solo de bateria feito na Cidade do Rock como o melhor de sua carreira. Esse relato da passagem por um grande Festival no  Rio de Janeiro e diversos outros em turnês pelo mundo afora  fazem parte do livro que o Batera está lançando a respeito de sua longa  trajetória  com  o  grupo germânico  - "Scorpions - Minha História em Uma das Maiores Bandas de Todos os Tempos". 
 












 



 

Depois do Rock in Rio I, o Baterista voltou para o Brasil várias vezes com a banda, que ficou conhecida por  fazer shows intensos e enérgicos [como, por exemplo, a turnê de lançamento do álbum "Face the Heat" (1993), que passou pela extinta casa de  shows Olympia, na cidade de São Paulo]. Inclusive, "Face the Heat" foi o último disco de Rarebell no Scorpions. O Batera considera  o material deste trabalho coeso e de qualidade [ao contrário do álbum seguinte: "Pure Instinct" (1996) - cujo resultado não o agradou].





 













Herman Rarebell menciona em seu livro que  os Scorpions foram responsáveis por tornar o rock alemão conhecido ao redor do Planeta (antes deles, havia conjuntos germânicos apreciados apenas por um público restrito, como os progressivos-experimentais Can e Faust). A marca de 100 milhões de discos vendidos globalmente pelo grupo  definitivamente colocou a Alemanha em destaque no mapa do rock. O Baterista também  incursionou pelo Rock Progressivo ao tocar no disco "Battlement" (1978)  dos alemães do Neuschwastein (que faziam um som altamente sinfônico e influenciado pelo Genesis).
 



 

Duas músicas bem marcantes da carreira de  Rarebell no Scorpions são a instrumental rock arena "Coast to Coast" - bem melódica [e sempre presente nos shows da banda, ela faz parte do álbum "Lovedrive" (1979)] - e a épica e pulsante "Alien Nation" (um manifesto antinazista que abre o disco "Face the Heat").   


     
/Coast to Coast (Rock in Rio I)/


/O Videoclip Cinematográfico (em Tons Azulados) de Alien Nation/












//FERROADAS PERCUSSIVAS//

/Imagem de Abertura(1)/
Contracapa do disco "Crazy World" (1990), que contém baladas que fizeram grande sucesso: "Wind of Change" e "Send Me an Angel". A hard rock arena "Don't Believe Her" fez parte do set list da "Face the Heat Tour" (Foto: Discogs).

/Imagem(2)/ Capa do livro "Scorpions - Minha História em uma das Maiores Bandas de Todos os Tempos" - de Herman Rarebell e Michael Krikorian. Editora: Panda Books. Valor: R$ 49,50. Número de Páginas: 280.

/Imagem(3)/ DVD do Show do Scorpions no Rock in Rio I (1985).
 
/Imagem(4)/Capa do álbum "Face the Heat" (1993), que também contém a balada "Under the Same Sun" (Foto: Discogs).

/Imagem(5)/ Capa do dvd "Amazônia - Live in the Jungle (2009)". Este show inclui os grandes sucessos da banda e  é um manifesto contra a destruição da Floresta Amazônica. No dvd, há um documentário do Greenpeace sobre a Amazônia.


/Imagem(6)/
O guitarrista Matthias Jabs durante o show "Amazônia - Live in the Jungle", que ocorreu no Sambódromo de Manaus.


/Imagem(7)/ Herman Rarebell em Ação.

/Imagem(8)/ Capa do disco "Crazy World" (Foto: Discogs).

/Fonte do Post/ Baterista do Scorpions Lança Livro  sobre  Bastidores da Banda Alemã - por André Barcinski [Folha de S. Paulo - Caderno Ilustrada (29/08/2012)].

/Outro Toque/ Site da Banda.