Com
o grave enfraquecimento do Euro, arremessando vários países
europeus em severa crise "existencial" (econômica, social
e política) e comprometendo o futuro da moeda única europeia, a
Inglaterra passou por um grande desafio: como realizar uma Olimpíada
sustentável do ponto de vista ambiental e econômico em um período
negro que clama por austeridade?

O Comitê Organizador Olímpico de Londres despendeu aproximadamente R$ 35 bilhões para sediar os Jogos Olímpicos. Um décimo desse valor foi para a construção das sedes olímpicas.
A China, por exemplo, gastou por volta R$ 65 bilhões [com as faraônicas sedes olímpicas (R$ 450 milhões mais caras que as londrinas), luxuosas cerimônias de abertura e encerramento e outros luxos olímpicos].
As festas de abertura e encerramento dos Jogos Londrinos - dirigidas pelo cineasta Danny Boyle - foram engenhosas, criativas, mas, no entanto, com um orçamento mais modesto do que as dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008).

Com relação à sustentabilidade ambiental, um dos exemplos mais notáveis das Olimpíadas é o do Complexo Olímpico de Stratford (que inclui as Arenas Esportivas e a Vila Olímpica) . A outrora degradada região industrial de Stratford foi completamente reurbanizada para os Jogos e virou o ponto central das Olimpíadas de Londres. O solo da área foi descontaminado, o rio Lea despoluído e a área do complexo foi presenteada com uma cobertura verde de milhares de árvores. Além disso, as fábricas remanescentes foram remanejadas para outros lugares da cidade (mas permaneceram ligadas à área de origem ao serem contratadas pelo Comitê Olímpico para a execução de obras). E também foram construídas pontes, linhas de energia, estações de trem e metrô. 97% do entulhos da demolição de construções do bairro foram reciclados e reutilizados em novas edificações.

Além do Complexo Olímpico de Stratford, a organização se valeu de instalações já existentes para abrigar algumas competições de modalidades olímpicas (não construíram desnecessariamente novas sedes). Os tenistas usaram as quadras de Wimbledom e a seleção feminina brasileira de vôlei obteve o ouro na quadra de Earls Count.

Como um dos principais símbolos das novas construções olímpicas de Londres, o Estádio de Stratford, projetado pelo arquiteto inglês Peter Cook, apresenta uma interessante inovação: um anel superior modular e desmontável, (com capacidade para comportar até 55 mil pessoas) que aumenta a capacidade do estádio para 80 mil espectadores.

Depois das Olimpíadas, o anel modular será desmontado para ser, possivelmente, utilizado em outros estádios. A construção da Arena procurou seguir um padrão sustentável ao utilizar concreto vindo de descartes industriais. Além disso, O Comitê Organizador inovou ao contratar um diferenciado segurança: o guarda Willow - um falcão treinado para evitar que pombos fizessem ninhos no Estádio.
Próximo ao Estádio Olímpico, foi construída a Torre Orbit, que tal como o London Eye, é um dos maiores mirantes de Londres (com 122 metros de altura). Esta escultura-edifício foi construída pelo artista indiano Anish Kapoor. Sua haste central é de estrutura metálica, assim como, os aros retorcidos em torno dela. O monumento-símbolo das Olimpíadas de Londres representa de maneira estilizada e desafiadora os arcos olímpicos.

A Arena de Polo Aquático do Complexo Olímpico é um dos modelos mais interessantes de arquitetura sustentável do evento. A criação da Arena é do arquiteto David Morley. Todos os seus materiais constituintes são recicláveis. Este Edifício de metal tem capacidade para comportar até 5 mil pessoas. Em sua parte superior, há uma cobertura sintética (de plástico reciclável) que possui a característica de se inflar de gases químicos (com vistas a controlar a temperatura interna da construção).
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Ao término das Olimpíadas, a Arena será desmontada e todo o seu material será utillizado em outras construções.

O Estádio de Basquete é um outro emblemático exemplo de como economizar sem comprometer a funcionalidade, estrutura e beleza de um projeto arquitetônico. Nessa construção o lema "mais em conta" é colocado em prática com perfeição. Por ter componentes desmontáveis, pré-fabricados e recicláveis, o custo total da obra é bem menor do que o de um prédio convencional. O Estádio possui estrutura metálica (com a utilização de várias toneladas de aço) coberta por pvc reciclável. O teto do Edifício é composto de material sintético (para regular termicamente o ambiente interno).

O Megaestádio (um dos maiores já construídos) oferece capacidade para cerca de 15 mil pessoas. Ele foi projetado por um consórcio de escritórios (KSS Design e Wilkinson Eyre).
Interior do Estádio de Basquete em construção.
O Centro Aquático Olímpico desponta com um teto que possui forma sinuosa e fluida (que talvez simbolize a braçada de um nadador ou o formato de uma arraia). O Prédio - projetado pela arquiteta futurista iraquiana Zaha Hadid - foi passível de crítica: a bela plástica do teto sinuoso apresenta um efeito colateral no interior do Centro: a formação de pontos cegos nos lugares mais altos.

A Construção oferece capacidade para 2.500 espectadores. Foi concebida para abrigar as seguintes modalidades: Natação, Nado Sincronizado, Salto Ornamental e Pentatlo Moderno (Natação).
A Caixa de Cobre também conhecida com Arena de Handebol é um ímpar projeto com criativo veio sustentável, que encerra uma estrutura metálica folheada de cobre e reciclável.
O teto da Caixa possui 88 tubos de luz voltados para a captura da luz solar. O projeto ficou a cargo do estúdio Make Architects.

A Arena de Cobre dispõe de lugares com assentos retráteis com capacidade de reunir cerca de 7000 pessoas. Além do Handebol, a Caixa sediou competição de outra modalidade: Pentatlo Moderno (Esgrima). Como os britânicos não querem saber da hipótese do Elefante Branco, a Arena de Handebol se transformará em um Centro Esportivo Comunitário.
Uma Pista de Skate? Não! Mas tão dinâmica e cheia de curvas quanto o movimento dos skatistas, esta arquitetura plástica e cinética é o Velódromo do Parque Olímpico Londrino.
A primeira construção a ser finalizada no Parque Olímpico foi criada pelo escritório Hopkins Architects. O Comitê Organizador das Olimpíadas de Londres (LOCOG) nomeou o Velódromo como o edifício mais energicamente eficiente do Parque.

A "casca" de madeira do prédio possui aberturas que promovem um sistema de ventilação inteiramente natural. O espaço oferece acomodação para 6 mil pessoas [3.500 lugares ao redor da pista e 2.500 assentos suspensos (acima do círculo envidraçado e central) que serão removidos depois dos Jogos].
A criação do Velódromo teve por inspiração a performance e o design de uma bicicleta arrojada de corrida. No futuro, este Velódromo integrará um Complexo Ciclístico junto com pistas de Mountain Bike e uma Ciclovia (ao longo do Rio Lea) formando o VeloPark.
Depois das Olimpíadas, o Parque Olímpico será aberto à população, integrando-se assim à realidade local.

Outro fato que contribuiu para colocar em prática o desenho sustentável almejado pelos organizadores foi a questão do transporte: a maioria das pessoas chegava às arenas olímpicas de metrô, de bicicleta ou a pé.
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O legado olímpico que permanece é de um viável exemplo de organização austera e bem planejada, com a criativa utilização da prática sustentável e a pontualidade na entrega das obras (algumas ficaram prontas com um ano de antecedência do início dos Jogos).
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//MODALIDADES//
/Imagem de Abertura(1)/ London Eye à Noite (Divulgação).
/Imagem(2)/ Pôster do filme "Caiu do Céu" de Danny Boyle.
/Imagem(3)/ Panorâmica do Parque Olímpico (Divulgação).
/Imagem(4)/ Earls Court (A Arena do Vôlei) (Site: FIVB).
/Imagem(5)/ O Estádio Olímpico Visto da Torre Orbit (Divulgação).
/Imagem(6)/ Interior do Estádio Olímpico (Divulgação).
/Imagem(7)/ Torre Orbit Iluminada com o Estádio de Stratford ao fundo (Divulgação).
/Imagem(8)/ Arena de Polo Aquático à Noite (Divulgação)
/Imagem(9)/ Interior da Arena de Polo Aquático (Divulgação).
/Imagem(10)/ Estádio de Basquete em Construção (Divulgação).
/Imagem de Abertura(1)/ London Eye à Noite (Divulgação).
/Imagem(2)/ Pôster do filme "Caiu do Céu" de Danny Boyle.
/Imagem(3)/ Panorâmica do Parque Olímpico (Divulgação).
/Imagem(4)/ Earls Court (A Arena do Vôlei) (Site: FIVB).
/Imagem(5)/ O Estádio Olímpico Visto da Torre Orbit (Divulgação).
/Imagem(6)/ Interior do Estádio Olímpico (Divulgação).
/Imagem(7)/ Torre Orbit Iluminada com o Estádio de Stratford ao fundo (Divulgação).
/Imagem(8)/ Arena de Polo Aquático à Noite (Divulgação)
/Imagem(9)/ Interior da Arena de Polo Aquático (Divulgação).
/Imagem(10)/ Estádio de Basquete em Construção (Divulgação).
/Imagem(11)/ Vista de Cima do Estádio de Basquete (Divulgação).
/Imagem(12)/ Interior do Estádio de Basquete em Construção (Divulgação).
/Imagem(13)/ Vista Aérea do Centro Aquático Olímpico (Divulgação).
/Imagem(12)/ Interior do Estádio de Basquete em Construção (Divulgação).
/Imagem(13)/ Vista Aérea do Centro Aquático Olímpico (Divulgação).
/Imagem(14)/ Interior do Centro Aquático (Divulgação).
/Imagem(15)/ Arena de Handebol Iluminada (Divulgação).
/Imagem(16)/ Vista Aérea da Arena de Cobre (Divulgação).
/Imagem(17)/ Interior da Arena de Handebol (Divulgação).
/Imagem(18)/ A Caminho do Velódromo (Divulgação).
/Imagem(19)/ Lateral do Velódromo (Foto: David Poultney).
/Imagem(20)/"Casca" de Madeira Siberiana do Velódromo (Divulgação).
/Imagem(21)/ Interior do Velódromo (Site: BBC).
/Imagem(22)/ Vista Aérea e Panorâmica do Parque Olímpico (Site: Dezeen Magazine).
/Imagem(23)/ Próxima Parada (Site: Corbis Images).
/Imagem(24)/ Abertura dos Jogos Olímpicos (Foto: Michael Spens).
/Imagem(25)/ Panorâmica Noturna do Parque (Divulgação).
/Blog Pêssega d'Oro: A Arquitetura do Parque Olímpico de Londres/
/Site Arch Daily Brasil: Velódromo de Londres 2012 - Hopkins Architects/
/Site Casa Vogue: Conheça o Parque Olímpico de Londres/
/Site Oswaldo Cruz: Sustentabilidade - Um Exemplo a Ser Seguido/
/Jornal Folha de S. Paulo - Caderno Londres 2012: Recuperação e Legado (Vanessa Barbara)/