Planeta Água



Quase dois terços do Planeta são preenchidos por água. 97,6% desse total é formado por água salgada dos oceanos (não apropriada para consumo) e os  2,4% restantes são de água doce e  estão abrigados  nos polos terrestres, geleiras, fontes subterrâneas (como aquíferos), lagos, rios etc. Desta parcela restante de água doce, apenas 0,02% está  pronta para o consumo (sendo proveniente de lagos, rios e outras reservas naturais). Há a previsão de que no futuro a água se tornar um  bem  cada vez mais valioso e raro (devido a sua escassez para consumo, com  a  crescente poluição dos reservatórios que abrigam água doce).



          



A degradação do meio ambiente pode desembocar em uma grave crise global de água e consequentemente  levar  à exploração e dominação dos estoques de águas potáveis mundiais por grandes conglomerados corporativos. Exemplos não faltam: como a mal-sucedida tentativa de privatização da água  de uma empresa estrangeira em uma cidade boliviana (esta corporação tentou privatizar até a água da chuva e gerou revolta popular).
O novo Código Florestal (aprovado do jeito que está) ameaça gravemente a soberania brasileira, pois o agronegócio associado a megacorporações que detêm o controle de sementes transgênicas e  a comercialização de agrotóxicos são uma grave ameaça à saúde e  ao desenvolvimento de uma agricultura limpa e orgânica do pequeno produtor agrícola, além de ser uma desgraça para a biodiversidade. As grandes monoculturas movidas a sementes transgênicas e agrotóxicos expulsam os produtores locais de suas terras (quando não expulsos são empestados pelos venenos agrícolas  e aprisionados  em um  sistema escravocrata de produção) e contaminam os rios, lagos, solos, bichos, plantas e os seres humanos.   







O líder indígena Megaron Txucarramãe - cacique Caiapó - afirmou em palestra na cidade de São Paulo contra a construção da Usina de Belo Monte (em agosto de 2011) que os índios evitam beber a água do Rio Xingu, pois ela está contaminada por agrotóxicos e metais pesados. Um dado alarmente que mostra o quanto gigantescas corporações estão dominando sorrateiramente o processo insustentável e desmatador de produção alimentar com o apoio incondicional do lobby do agronegócio. Megaron foi exonerado no final do ano passado do cargo de Coordenador Regional da Funai, por se opor à construção de Belo Monte. Dessa forma, o Brasil vai perdendo lideranças vitais que apoiam a conservação da biodiversidade para um modelo devastador de desenvolvimentismo que não quer enxergar  os  patrimônios naturais como um meio de desenvolvimento perene, harmônico e autossustentável. Megaron Txucarramãe  foi o primeiro índio a chefiar o Parque Nacional do Xingu (sendo treinado pelos irmãos Villas Boas para ser uma liderança indígena). Um outro símbolo marcante da Amazônia também está quase "destituído": o Boto Cor de Rosa.    




       


Esta espécie de Boto (em sério risco de extinção) está sendo massacrada nos rios amazônicos. Pescadores e matadores de aluguel (contratados por grandes empresas) estão arpoando e machadando estes cetáceos de águas fluviais barrentas da Amazônia. A inteligência do cetáceo (que tem a consciência de sua existência) permite que faça malabarismos com sementes (em forma de bola) que são colocadas em sua mandíbula (única e exclusivamente para brincar). Como os Botos são alegres, mansos e solidários acabam  sendo  atraídos (com assovios e barulhos na água) por criminosos (que  esperam em cima de barcos) para  cruelmente alvejar os golfinhos de água doce e terminar o "serviço" sujo e sanguinário na base do porrete e da lâmina. Tal extermínio sustenta o lucrativo comércio de um peixe saboroso conhecido como Piracatinga [cujos pedaços de Botos assassinados são utilizados como isca para capturar o peixe (cada boto morto pode render até uma tonelada de Piracatinga)]. Infelizmente, é um costume familiar servir  tal peixe  em  lares da Amazônia, como também é usual comprar pedaços de Boto como amuleto. Mas o que mais acentua todo esse aniquilamento  é  o fato de os  matadores de aluguel de Botos serem financiados por empresas que exportam a carne de Piracatinga para o exterior. Além de ser vendido fora do país, o peixe é  também comercializado nos mercados da região Amazônica (os locais chamam o  bagre   de Douradinha). Portanto, evitar o consumo da Piracatinga/Douradinha é colaborar para que o Boto Amazônico não desapareça da Terra. 

/Veja a chocante e excelente reportagem sobre este show de horror no blog "Militância Viva!"/









Com  a reforma do Código Florestal aprovada pela Câmara dos Deputados, os Botos Vermelhos e milhares de outras espécies ficam ainda mais ameaçadas. Esta  proposta de novo Código é um  menosprezo ao meio ambiente, incentivando a ampliação do desmate e extermínio da  fauna e flora (no famoso estilo vale-tudo da Lei de Gérson). No  tocante  às  margens de  rios, o novo  Código levanta a proteção que existia no Código Florestal anterior: pela sua redação, nas áreas em que há produção agropecuária deve ser recuperada uma faixa de apenas 15 metros dos rios pequenos (não há definição para os rios maiores). No Código atual não pode haver qualquer atividade comercial em uma faixa de 30 a 500 metros de largura de margem de rio. Com esse afrouxamento  na  proteção  aprovado pela Câmara, fica escancarada a possibilidade de poluição, envenenamento e destruição crescentes dos solos das margens e das águas  dos  rios (comprometendo gravemente a vida de incontáveis seres vivos).






Há uma petição do grupo Avaaz para pressionar a presidente Dilma para que vete inteiramente o novo Código Florestal. O abaixo-assinado já tem 1,2 milhões de assinaturas e quando chegar a 2 milhões será entregue diretamente para a presidente com o apoio dos Ex-ministros do Meio Ambiente.

  
/Dilma, chegou a Hora! (Assine a Petição para Proteger a Vida no Brasil)/










O músico Guilherme Arantes tocou um épico progressivo na Virada Cultural, no sábado, no Largo do Arouche: "Planeta Água". Durante a execução da canção pediu para que Dilma vetasse o novo Código Florestal afirmando que este é uma vergonha para o país. Muito bacana um compositor do talento de Arantes dedicar um dos seus maiores sucessos a uma causa de vital importância para o Brasil. Sem dúvida, "Planeta Terra" é aquele tipo de música que se ouve por décadas e nunca se enjoa dela - devido ao  rico e  denso arranjo instrumental como também pela emocionante letra de homenagem à natureza. No show da virada, o cantor foi acompanhado por  uma banda  completa,  o  que acentuou  ainda mais o teor enérgico do clássico     


/Planeta Água (Ao Vivo na Virada Cultural)/








Uma outra versão bem inspirada da faixa é a presente no dvd "Guilherme Arantes - Ao Vivo - Teatro Mars (SP) (2001)". O conjunto que acompanha Arantes confere uma veia mais rockeira e pulsante para "Planeta Terra", com vários dos músicos originários da  banda Rádio Táxi [o saudoso Wander Taffo (guitarra), Lee Marcucci (baixo) e Gel Fernandes (bateria)].

/Planeta Água (Ao Vivo no Teatro Mars)/












A canção "Planeta Água"  que apresenta fortes influências da fase progressiva de Guilherme Arantes (da época da banda "Moto Perpétuo" e do início de carreira) está presente no Lado  A  do  Compacto "Planeta Água - MPB Shell (1981)". O MPB Shell foi um festival que ocorreu no Maracanãzinho, e a música de ode à natureza ficou em segundo lugar (o que ocasionou descontentamento por parte do  público que desejava a canção como campeã). "Purpurina" interpretada por Lucinha Lins ficou em primeiro lugar. Mas o fato é que a música de Guilherme Arantes está mais atual do que nunca, podendo se tornar um dos vetores para uma transformação sustentável e de respeito à natureza. Verde Vertente.





   



PLANETA ÁGUA (Guilherme Arantes)

Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre o profundo grotão
Água que faz inocente riacho e deságua
Na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias

E matam a sede da população
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas ronco de trovão
E depois dormem tranqüilas
No leito dos lagos, no leito dos lagos
Água dos igarapés onde Iara mãe d'água
É misteriosa canção

Água que o sol evapora
pro céu vai embora

Virar nuvens de algodão

Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes são lágrimas na inundação

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra, pro fundo da terra

Terra planeta água... terra planeta água
Terra planeta água.











//PLANETAS//
/Imagem de Abertura(1)/ "Olha o Boto!" (Formação de nuvem, que se assemelha aos golfinhos dos rios, refletida em um espelho de água) (Foto: Antonio Resende).
/Imagem(2)/ "O Salto do Boto Cor de Rosa".
/Imagem(3)/ "Boto Cor de Rosa Paralelo à Água".
/Imagem(4)/ "A Confraternização do Boto" (Site: Mochileiros).
/Imagem(5)/ "Boto Cor de Rosa Descansando" (Foto: Augusto Motta).
/Imagem(6)/ "O SOS da Floresta" (Blog: Militância Viva!).
/Imagem(7)/ "Rio  de Sangue" (No Japão há uma baía específica para exterminar os Gofinhos. No Brasil o lugar dos assassinatos de nossos Botos é nos rios da Amazônia) (Site: Militância Viva!).
/Imagem(8)/ "O Boto Brincalhão" (Foto: Anselmo Fonseca).
/Imagem(9)/ "Botos na Água" (Site: Chapada Explorer).
/Imagem(10)/ "Vamos Brincar?" (Foto: Altamira Vilhena).
/Imagem(11)/ Capa da Coletânea "Amanhã" (1983) que contém a  faixa "Planeta Água" [/Planeta Guilherme Arantes (Site Completo sobre a Obra do Artista)/]
/Imagem(12)/ "Folha com Gotas".
/Imagem(13)/ Capa do DVD "Guilherme Arantes - Ao Vivo (2001)".
/Imagem(14)/ Capa do Compacto "Planeta Água" (1981) (Site: Planeta Guilherme Arantes).
/Imagem(15)/ "Água Refrescante".
/Imagem(16)/ "Terra Vista do Espaço".
/Imagem(17) "Terra Lá de Cima" (Foto: Nasa).
//OUTROS PLANETAS//     
"Massacre na Amazônia: A Matança dos Botos Continua" (Site: Militância Viva!).
"Conhecer o Homem Branco para se Defender" - Reportagem de Felipe Milanez (25/03/2012) (Site: Carta Capital).  
"A Água na Terra está se Esgotando? É Verdade que no Futuro Próximo Teremos uma Guerra pela Água?" - Artigo de Pedro Jacobi (Site: Geólogo.com.br).
"Por Dentro do Código Florestal" - Caderno Poder [Folha de S.Paulo (27/04/2011)].
"Guilherme Arantes na Virada Cultural" (Site: UOL). 

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