Inferno no Ártico





Aberrações na natureza estão ocorrendo cada vez com mais frequência no habitat do Círculo Polar Ártico (além, de inúmeros outros ecossistemas da Terra), só para citar um exemplo chocante e dramático da devastação dos seres humanos frente  à natureza (poluição atmosférica, construção de fábricas, usinas e plataformas em santuários ecológicos, pesca/caça predatórias em larga escala etc.).











Há algumas décadas era  inimaginável que  o Urso Polar atacasse uma Morsa para se alimentar. Realmente, não era estratégico para o Urso avançar em um animal robusto e  corajoso. Com o degelo em excesso do manto do Ártico (que se aproxima do nível mínimo recorde de 2007, sendo que em algumas áreas está 50% menor do que a média), as presas naturais (Focas) dos Ursos Polares desapareceram. Até um passado recente era normal observar os Ursos correndo pelas longas plataformas de gelo e no momento de fome golpearem o  solo congelado  para  caçar  Focas, que nadavam debaixo destas plataformas. Atualmente, o solo de gelo retraiu-se a níveis dramáticos, e o que resta é pouco espesso (o que faz com que não sustente o peso dos Ursos e estes caíam direto na água). Sem alimento e famintos, são obrigados a nadar (e não mais andar) longos quilômetros em busca de comida, e, lamentavelmente, encarar a Morsa como uma nova  presa (desvio bizarro e surreal da sua cadeia alimentar natural), em um momento de desespero.












Este cataclismo (e inúmeros outros) é mostrado em um documentário da BBC chamado "Planeta Terra - Nosso Futuro", que é um fechamento crítico (apontando para inúmeras espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção ao redor da Terra) de uma série de mesmo nome: "Planeta Terra - Nosso Futuro (O Mundo como Você nunca Viu)", que através de imagens aéreas, de panorâmicas e de  zooms (no esquema do macro ao micro) mostra a variedade e riqueza do ecossistema do Planeta (e a ameaça desta dádiva pelos humanos), com belas e surpreendentes imagens das criaturas das Florestas, Selvas, Oceanos, Mares, Planícies, Montanhas, Terras Geladas, Cavernas e Desertos. A série apresenta cenas de bichos e de plantas deslumbrantes e desconhecidos (e a complexa estruturação da cadeia alimentar),  deixando claro que a vida no Planeta é um grande organismo interconectado e mutualista, onde presas e vítimas são agentes de controle e de equilíbrio deste perfeito relógio biológico. O desajustamento em escala crescente desta máquina precisa e harmoniosa  é feito pelas danosas ações humanas, que estão solapando o meio ambiente e a vida de incontáveis espécies [várias já extintas e outras entrando no limiar da extinção [como o Urso Polar, o Lobo Guará,  a  Onça Preta,  várias espécies de  Baleias, o  Boto, o  Íbex-Walia (símbolo da Etiópia)....].                                                 
Voltando ao filme de terror "Urso Polar versus Morsa", o grande vencedor do embate parece ser a devastação colossal da vida no Círculo Polar Ártico. Um embate terrível entre duas criaturas fortes e determinadas, com um longo e chocante epílogo que seria evitado se os seres humanos fossem mais cuidadosos com o Planeta. O grande problema é  a corrida gananciosa e nefasta pelo lucro, seguindo o mote antropocêntrico e egoísta de que o ser humano é superior a todas as outras espécies, e portanto estas não merecem o devido cuidado. 







   





Hoje, infelizmente , é normal encontrar usinas/plataformas em pleno Ártico, que para se instalarem expulsam seres do seu espaço natural, além de poluírem  o entorno  de  áreas já  devastadas. Uma das inúmeras vítimas é o Caribou, que  está gravemente acuado e ameaçado pelas construções no Alasca, ao seu redor e pelo petróleo, embaixo de onde pisa. Com o aquecimento do Ártico, há um outro fato que nunca ocorreu anteriormente e que é outro "filme" de terror no estilo "Urso vs. Morsa": o envenenamento da atmosfera com substâncias tóxicas que estavam  aprisionadas nas largas e profundas  plataformas de gelo e nas  águas resfriadas de outrora. A quantidade destes dejetos químicos descoberta por cientistas canadenses e noruegueses é incerta, no entanto, o certo mesmo é o alto teor de veneno destes produtos, que são conhecidos como poluentes orgânicos persistentes, proibidos pela Convenção de Estocolmo (2004). O time do mal é o seguinte: pesticidas (DDT, clordano, lindano), fungicida hexaclorobenzeno (HCB), bifenil policlorados [PCBs (sigla em inglês): compostos químicos resultantes da mistura de produto sintético com uma estrutura química similar e largamente utilizados em tintas, plásticos, borracha, papéis etc.]. 









Estes elementos químicos são cancerígenos e desreguladores hormonais. Agora, devido ao aquecimento global e  ao consequente  derretimento das calotas polares, estão soltos na atmosfera, contaminando-a, consideravelmente.







     

O disco "Stormwatch" (1979) da banda Jethro Tull  alerta para o risco ambiental da exploração comercial do Polo Ártico. As letras das músicas são o reflexo da crise do petróleo da época e a corrida rumo a novos lugares que oferecessem possibilidade de extração do óleo.
Uma temática apocalíptica e melancólica acentuada por um hard rock enérgico (alternando momentos mais agitados com outros de balada), que apresenta interessantes influências sinfônicas [da fase mais pesada da banda presente nos álbuns "Stormwatch", "A" (1980) e "The Broadsword and the Beast" (1982)]









O desenho da capa de David Jackson reforça o tema do álbum (invasão humana exploratória no Ártico) e as consequências de usinas e  plataformas instaladas nesta região para as espécies locais. É uma pena que o Urso Polar real não seja gigante como o da capa. Se fosse, talvez pudesse interromper esta predatória intromissão humana.








Das faixas do álbum, o destaque vai para "Orion" (uma súplica para os céus em um momento crítico) - vigoroso hard rock arena (com excelente trabalho guitarrístico de Martin Barre) e para um intenso rock com levada sinfônica - "Elegy" (o epílogo da obra).









/Orion (Versão Estúdio)/

/Elegy (Instrumental) (Versão Estúdio)/














//COORDENADAS//
/Imagem de Abertura#1/ O Urso Polar e o Solo Árido (Extraída do Site: alaska.fws.gov).
/Imagem#2/ Morsa-Mãe e Filhote (Fonte:  "National Geographic").
/Imagem#3/ Urso Polar em cima do Naco de Gelo. 
/Imagem#4/ Capa do DVD: "Planeta Terra - Nosso Futuro" - documentário da BBC.
/Imagem#5/ O Salto do Urso Polar.
/Imagem#6/ As Morsas e a Ausência de Gelo (Foto: Dan Guravich).  
/Imagem#7/ Urso Triste.
/Imagem#8/ A Corrida dos Caribous (Foto: Jim Branderburg).
/Imagem#9/ Caribous Ameaçados.
/Imagem#10/ Bordas da Bacia (Desenho do pintor impressionista norte-americano David W. Jackson, especialista em imagens da natureza. O artista apoia várias organizações de proteção à vida animal). Site de David W. Jackson
/Imagem#11/ Capa dupla do álbum Stormwatch do conjunto "Jethro Tull". O desenho é de David Jackson.
/Imagem#12/ Pisando Alto (Pintura de David W. Jackson).
/Imagem#13/ Encarte do disco "Stormwatch" (Retirado do Site: Discogs).
/Imagem#14/ Manhã Gloriosa (Pintura de David W. Jackson).
//Fontes//
/Planeta Terra - Nosso Futuro (Documentário da BBC)/
/O Globo: Matéria sobre os Venenos no Ártico (26/07/2011)/
/Exame: Matéria - Camada de Gelo do Ártico se aproxima do Mínimo Recorde (04/08/2011)/

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